Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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No coração das ciências

Matemática

Os alunos que chegam ao curso de Matemática ficam bastante surpresos com o que encontram e uma das primeiras surpresas é que a Matemática está presente no cotidiano de todos

"Para que serve o matemático?". Essa pergunta perseguiu Luciana Miranda de Souza, 24 anos, durante muito tempo, mesmo depois de se decidir pelo curso e de ter vencido o vestibular, após duas tentativas.

Atraídos normalmente para o curso porque gostam da disciplina durante os ensinos fundamental e médio, os alunos acreditam que o curso superior de Matemática será um aprofundamento do que já estudaram. Não é bem assim, alerta o coordenador do Colegiado de Curso de Matemática da UFMG, professor Helder Cândido Rodrigues.

A Matemática ensinada no Instituto de Ciências Exatas (ICEx), onde o curso é oferecido na UFMG, tem muito pouco a ver com a Matemática dos colégios. O aluno não terá como primeira preocupação a busca dos resultados de simples ou complicadas equações e fórmulas. A intenção é outra. É a de fazê-lo pensar no processo de criação das equações e fórmulas, inclusive saber propô-las, deixando para um segundo momento, não menos importante, os resultados e aplicações.

"Encontrar esse conhecimento, muito mais específico, é sempre gratificante, mesmo quando a gente acaba tendo que estudar além do normal", avalia Luciana, que dedica, pelo menos, cinco horas do dia aos estudos, fora o tempo das aulas.

No 7o período do Bacharelado, ela já encontrou a resposta para a primeira pergunta e acredita que "a função do profissional é encontrar soluções matemáticas para os problemas de outros". É bem verdade, pois a Matemática é uma ciência que está na base de muitas outras e, realmente, apresenta soluções.
Eber Faioli

"Para que serve a Matemática?", dúvida que perseguiu LUCIANA MIRANDA, mesmo depois de passar no Vestibular

"Já dei aulas em ´cursinho` e digo para todo mundo que é preciso gostar muito de Matemática para escolher o curso e estar preparado para o diferente. Se você gosta de estudar, faça, porque vale a pena. Mas se não gosta, desista", recomenda Luciana, que se dedicou a projetos de pesquisa desde o 2o período.

Avesso do avesso O matemático enxerga o avesso da Matemática e é isso que assusta inicialmente, explica o coordenador Helder Rodrigues, porque o aluno está basicamente acostumado a buscar nessa ciência apenas os resultados, muitos conhecidos há, pelo menos, 200 anos. No curso, entretanto, ele elegerá a dedução como principal companheira na solução das fórmulas e equações, trabalhando com a fundamentação e a argumentação. Para tanto, a Matemática exige dedicação, persistência e, mesmo, paciência.

Quem escolhe este curso precisa saber que a opção pelo Bacharelado ou pela Licenciatura leva a caminhos bem distintos, apesar de não-excludentes.
No turno diurno, a escolha entre as duas modalidades tem de ser feita ao final do 3o período. Já no noturno, a única possibilidade é a Licenciatura. Mas nada impede que o aluno, nos dois casos, peça, depois de concluída a primeira formação, uma continuidade de estudos.

Tanto na Licenciatura quanto no Bacharelado, o aluno parte inicialmente para uma formação geral, que inclui conhecimentos de Cálculo, Estatística, Física e Computação. Entretanto, a segunda fase apresenta distinções bastante claras. Na Licenciatura, o aluno opta por atuar nas escolas de ensinos fundamental e médio, e, por isso, terá uma grande carga de disciplinas voltadas para a formação de professor e além de manter um contato estreito com a Faculdade de Educação (FAE). A intenção, com as adaptações e mudanças que estão sendo feitas no currículo, é a de permitir que os alunos possam vivenciar um volume muito maior de "disciplinas integradoras", que unem, de maneira mais íntima, Matemática e Educação.

O saber da matemática Na Licenciatura, o aluno compreenderá que não basta saber Matemática, é preciso saber ensinar Matemática. E essa é uma missão nada fácil. Basta lembrar que a Matemática foi tratada e ainda é em muitos casos, como uma grande vilã entre os colegiais. Para a professora Ana Cristina Almeida França, 40 anos, ensinar Matemática sempre foi um prazer. "Isso não quer dizer que é fácil, porque as cobranças são muitas e partem de todos os lados, dos alunos, dos pais e das instituições."

Professora há 15 anos no Colégio Loyola, Ana Cristina lembra que foi muito boa aluna na UFMG e gostava tanto do curso que conseguiu terminá-lo em três anos e meio, seis meses antes do previsto. Também por isso, não teve dificuldades de seguir carreira. Ana Cristina está de volta à UFMG, para concluir, este ano, o Mestrado. "Para o professor que está diariamente na sala de aula, é muito importante o aperfeiçoamento", defende, destacando que, hoje em dia, a qualificação do profissional é uma exigência. "Vi uma pesquisa dizendo que faltam professores de Matemática, mas o que percebo mesmo é o mercado carente é de bons professores, na medida em que as escolas exigem muito mais por causa da competição e da disputa por alunos", argumenta.

Ser professora não era a intenção de Viviane Marques de Carvalho, 23 anos, quando passou no vestibular. Ela queria ser pesquisadora, mas decidiu-se pela Licenciatura porque descobriu, na Universidade, "que é muito bom ensinar e também por causa da maior facilidade em arrumar emprego". "É muito gratificante. Não tem nada melhor do que você perceber que a pessoa aprendeu porque foi você quem ensinou", assinala. Viviane está fazendo estágio supervisionado, com o acompanhamento de professores, na Escola Municipal Eleonora Pierucetti, no bairro Cachoeirinha, zona nordeste da Capital, onde houve um rearranjo de horários para que alunos da Licenciatura pudessem praticar.

Viviane dá aulas de Geometria para o ensino fundamental. "Pretendo dedicar-me a alunos maiores, de pré-vestibular, mas estou achando muito bom o contato com as crianças", afirma. Ela está decidida, também, a fazer as matérias do Bacharelado, porque sonha com a especialização. Para quem pensa em optar pelo curso de Matemática, Viviane aconselha conhecer muito bem a estrutura da Universidade. "Eu não entendia muito bem o que eram matérias eletivas ou optativas e é claro que você aproveita muito mais se tiver consciência de como os cursos estão estruturados. Na faculdade, ninguém fica correndo atrás de você. Você é quem tem que se virar", afirma.