Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

Fontes de informação
Conhecimento em rede

Ciências Agrárias
Agronomia
Medicina Veterinária
Zootecnia

Ciências Biológicas
Ciências Biológicas

Ciências da Saúde
Nutrição
Educação Física
Enfermagem
Farmácia
Fisioterapia
Fonoaudiologia
Medicina
Odontologia
Terapia Ocupacional

Ciências Exatas e da Terra
Ciência da Computação
Ciências Atuariais
Estatística
Física
Geologia
Matemática
Matemática Computacional
Química
Sistemas da Informação

Engenharias
Engenharia Civil
Engenharia de Controle e Automação
Engenharia de Minas
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Metalúrgica
Engenharia Química

Ciências Humanas
Ciências Sociais
Filosofia
História
Pedagogia
Psicologia

Ciências Sociais Aplicadas
Administração
Arquitetura e Urbanismo
Biblioteconomia
Ciências Contábeis
Ciências Econômicas
Comunicação Social
Direito
Geografia
Turismo

Lingüística, Letras e Artes
Teatro (Artes Cênicas)
Artes Visuais (Belas Artes)
Letras
Música

UFMG Diversa
Expediente

Outras edições

Promissoras correlações

Engenharia Mecânica

Onde houver uma indústria, haverá por trás de sua produção as mãos de um engenheiro mecânico

A globalização, com o acirramento da competição econômica entre os países, reforça a necessidade de investimentos na indústria nacional, que se vê diante do dilema de avançar também, a partir de tecnologia própria, mais barata e mais competitiva.

Na ponta desta cadeia produtiva está o engenheiro mecânico. É dele a responsabilidade de criar máquinas, equipamentos, peças e soluções em tecnologia que colocam a "engrenagem" da economia em funcionamento. A Engenharia Mecânica aborda o desenvolvimento e aplicação de dispositivos mecânicos para a transmissão de movimentos ou de esforços. Por vezes, este movimento é gerado por dispositivos elétricos, eletrônicos, térmicos e, por outra, pela energia do corpo humano.
Eber Faioli

Protótipo de veículo, desenvolvido na UFMG, foi projetado para percorrer grandes distâncias e consumir pouco combustível

Na Engenharia Mecânica, avisa o Coordenador do Colegiado de Curso, professor Jair Nascimento Filho, o aluno vivenciará a versatilidade que rege a área. Flexibilizado, o curso oferece trajetórias em Engenharia Aeronáutica, Automotiva, Energia e Utilidades, Projetos e Fabricação, Manutenção e Mecatrônica. Além disso, a possibilidade de formação complementar em outras áreas, uma facilidade e uma realidade para alunos que buscam a junção da Engenharia Mecânica com outras ciências.

O aluno se envolverá com projetos de aviões e chaminés industriais, porém também conhecerá o desenvolvimento de próteses utilizadas no tratamento de doenças ou de deficiências físicas, numa das mais promissoras conjugações da Engenharia Mecânica com a Bioengenharia. Assim, tanto aprenderá a projetar peças e componentes da indústria automotiva, quanto saberá encontrar a forma, o tamanho e o peso indispensáveis a uma simples faca que auxilia portadores de necessidades especiais à mesa.

Foi, por exemplo, em um dos laboratórios da UFMG que o engenheiro mecânico Aron de Andrade, especialista em Biomédica, encontrou apoio para criar a câmara interna do coração artificial brasileiro. Projeto conhecido internacionalmente, o órgão "nasceu" para auxiliar pacientes com graves problemas cardíacos durante cirurgias e tratamentos.

Na terra ou no ar A possibilidade de estar no chão da fábrica e, ao mesmo tempo, de ocupar postos na administração das mais variadas indústrias e empresas do país é que fez da Engenharia Mecânica o curso ideal para Bruno Lopes Pinheiro, 22 anos, 9o período.
Eber Faioli

Atraído pela Física e pela Matemática, BRUNO LOPES enveredou-se pela Engenharia Aeronáutica

O gosto pela Matemática e pela Física atraiu Bruno para a Engenharia. A opção pela Mecânica foi uma aposta em vôos mais altos: "Sempre gostei de avião, mas não sabia se gostava de vê-lo voar ou de construí-lo", lembra. A dúvida desapareceu nas aulas e oficinas. Bruno optou pela Engenharia Aeronáutica, apesar de ter se preocupado com uma formação mais ampla, enveredando por caminhos que lhe ensinaram processos variados de fabricação.

No Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA), os alunos têm a oportunidade de projetar e de construir pequenas aeronaves, o que os torna alvo de interesse da indústria nacional, capitaneada pelas empresas Helibras e Embraer. Entretanto, atentando para a diversificação, Bruno optou pelo projeto "minibaja", modelo de carro fabricado para participar de competições internacionais criadas, nos Estados Unidos, especialmente para estimular estudantes de Engenharia Mecânica interessados na indústria automotiva. A UFMG esteve presente diversas vezes nessas competições, nas quais os alunos fazem de tudo, do projeto à pilotagem da máquina.

Agora, ele convive diariamente com engenheiros e técnicos da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), fazendo estágio no Setor de Métodos e Processos, responsável pela identificação e correção de falhas de turbinas hidráulicas. Seu papel é não só encontrar as falhas, mas especialmente as soluções, os procedimentos que possam corrigir estas falhas.

Mecânica social Aluno do turno da noite — a Mecânica é a única das Engenharias que oferece o curso à noite _, Paulo Paiva de Carvalho, 30 anos, já era técnico em Mecânica quando se decidiu pela Universidade. "O curso faz com que o técnico extrapole os limites e abre um novo campo de trabalho", assinala. Ávido por participar de projetos de pesquisa e extensão, Paulo candidatou-se, no 3o período, a dar aulas para um grupo de jovens carentes que, selecionados pela Prefeitura de Belo Horizonte, foram à Universidade receber treinamento em Mecânica.
Eber Faioli

Experiência com instrutor, ajudou PAULO PAIVA a consolidar conhecimentos

A experiência de instrutor, diz ele, foi importante para minha formação. "Quando você ensina está também consolidando e acumulando conhecimento", diz. Assim como Bruno, Paulo envolveu-se com a Iniciação Científica, em outro projeto do Laboratório de Usinagem. Lá, ele se aprofundou em problemas e soluções nos acabamentos de superfícies fresadas.

Atualmente, Paulo trabalha na Semco Manutenção, empresa especializada em equipamentos de ar condicionado. "Estou na supervisão das atividades feitas pelos técnicos, planejando o tipo de manutenção necessária", explica. Ele elogia a qualidade do curso de Engenharia Mecânica da UFMG, mas ressalva a necessidade de mais investimento do governo federal em cursos, renovação de equipamentos, laboratórios e oficinas. "São os professores que se esforçam e conseguem driblar a falta de verba", assinala.

O mercado de trabalho não preocupa Paulo, pois, segundo ele, a Mecânica dá uma grande vantagem ao profissional, que tem espaço em grandes e pequenas indústrias e empresas de manutenção das mais diferentes especialidades. Para o professor Mário Ayres, 60 anos, essa é realmente uma característica que deve ser ressaltada.

Sócio em uma empresa de origem familiar, especializada em projetos e fabricação de equipamentos para a indústria siderúrgica e de mineração, Paulo diz que o profissional tem que se preocupar o tempo todo com a continuidade de estudos. "Quem quer seguir carreira tem que estar pronto para estudar mais e mais, porque o desenvolvimento tecnológico exige isso. Tem que gostar também de línguas estrangeiras e muito de computação". A especialização, defende Ayres, é uma necessidade.