Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Vestibular é maratona. Para muitos estudantes que concluem o ensino
médio, o principal obstáculo é a concorrência.
Mas, para uma grande parcela de candidatos, há barreiras de outra
natureza.
O estudante do 3º período de Teatro da UFMG, Lino Lopes, 23
anos, conhece de perto essa realidade, que começa antes das provas
e, em muitos casos, se mantém durante a graduação.
Para conseguir pagar a mensalidade do “cursinho” pré-vestibular
noturno, Lino trabalhava durante o dia. Quando chegou a hora de se inscrever
no Vestibular da UFMG, o estudante recorreu ao Programa de Isenção
da Taxa de Inscrição (PITV), que na última edição
do concurso foi estendido a 14.891 candidatos – 11.407 com isenção
total e 3.484 com isenção de 50%. “Sem a isenção,
provavelmente eu teria que deixar de fazer a prova”, conta Lino.
A isenção da taxa de inscrição para o Vestibular
é um benefício oferecido aos candidatos que comprovam carência
financeira. Em média, a Universidade recebe, 30 mil pedidos de isenção
por ano. Em 2006, a UFMG deferiu 67,5% dos pedidos apresentados à
Comissão Permanente do Vestibular (Copeve).
Para garantir a permanência de alunos de baixa condição
socioeconômica, a UFMG conta com a Fundação Universitária
Mendes Pimentel (Fump), uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos
que, desde 1929, responde pela assistência aos estudantes.
Em 2005, cerca de 5 mil estudantes tiveram acesso a algum tipo de benefício
oferecido pela Fump. “Conhecemos a realidade da educação
em nosso país e sabemos o quanto é difícil entrar para
a universidade. Mas o desafio maior é se manter. A assistência
oferecida pela Fump é o único caminho capaz de garantir essa
permanência”, avalia o presidente da Fundação,
Tasso Moraes e Santos.
O estudante Lino Lopes utiliza boa parte desses benefícios. Natural
de Bambuí, interior de Minas Gerais, atualmente, ele vive em uma
das moradias universitárias em Belo Horizonte e tem bolsa de manutenção,
dentre outros benefícios (leia quadro). “Sem a assistência
da Fump, provavelmente eu demorararia o dobro do tempo para me formar, pois
precisaria trabalhar para me manter”, explica Lino.
Os benefícios são concedidos depois de uma criteriosa avaliação
das condições socioeconômicas do estudante. Depois de
analisar toda a documentação, a Fump classifica os alunos
em três níveis. É essa classificação que
vai garantir ao aluno acesso a determinados benefícios.
No ano passado foi implantado o Programa de Apoio ao Intercâmbio Internacional.
A estudante do 7º período de Educação Física,
Gabriela Martins, 24 anos, está na fila, de olho em uma universidade
de Portugal. Ela tem isenção da contribuição
ao fundo de bolsas e detém bolsa de complementação
educacional e financeira. “A Fump tem um papel de suporte importante,
mas se você não se esforçar e estudar bastante, não
há benefício que te coloque em pé de igualdade com
os outros alunos”, garante Gabriela.
A principal fonte de recursos da Fump é a contribuição
ao fundo de bolsas, realizada no ato da matrícula. O coordenador
do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Gabriel Huland, 25 anos,
avalia que a universidade é pública e não deveria efetuar
este tipo de cobrança. “A assistência teria que ser feita
com repasses do Governo Federal e não sair do nosso bolso”,
defende o dirigente estudantil.
A estudante Gabriela Martins não concorda. Ela explica que, se tivesse
condições financeiras, contribuiria com o fundo de bolsas.
“A contribuição faz uma enorme diferença na vida
de quem precisa. Sem ela, os alunos carentes têm menos chances e a
universidade se torna ainda mais excludente”, determina Gabriela.
Benefícios . Descontos nos Restaurantes Universitários:
refeições a R$ 0,75 para alunos classificados e R$
2,50 para todos os outros discentes da UFMG. |