Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Cálculo dos riscos
É aí que entra em cena o atuário, muitas vezes conhecido como um “matemático social”, por ser o profissional especializado em avaliação de riscos e operações envolvendo seguros, aposentadorias, pensões, financiamentos e planos de capitalização. “É um mercado em expansão”, avalia o professor Renato Martins Assunção, coordenador do curso de Ciências Atuariais da UFMG. Segundo ele, com a economia estável, as pessoas fazem seguros com mais frequência. “Trabalhamos com a idéia de que o dinheiro tem valor no tempo”, explica.
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A demanda por profissionais aumenta à medida que as instituições
financeiras, os planos de saúde, as seguradoras e os fundos de pensão
criam oportunidades de atuação. A área de consultoria
atuarial também está em alta, com o surgimento de empresas
especializadas que prestam serviço para outras empresas, avaliando
e propondo planos atuariais, ou, em outras palavras, cuidando da “saúde
financeira” dessas empresas. Outro fator que contribui para o aumento
da oferta de empregos é o crescimento do setor de previdência
privada e a perspectiva de privatização no ramo dos resseguros
– empresas que fazem seguros para as seguradoras.
“As chances para o recém-formado são grandes, considerando
que ainda há, relativamente, poucos profissionais no mercado”,
explica o professor Renato Assunção. Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Atuária, existem, hoje, no Brasil, pouco mais de 900
atuários registrados. Desses, mais de 70% estão concentrados
no eixo Rio-São Paulo. “Muitos dos nossos ex-alunos acabam
se mudando para uma dessas cidades, onde a oferta ainda supera as demais
regiões”, explica o coordenador do curso.
Jovem promissor Foi o caso de Mateus
Ribeiro Pena, 23 anos, ex-aluno da UFMG. Ele conta que no início
do curso a idéia de se mudar para um grande centro urbano não
o agradava muito. Mas, na hora de decidir, a carreira falou mais alto. “Vi
que eu teria mais chance de crescimento se me mudasse. Fiz contato com algumas
empresas em São Paulo, enviei currículos e, antes de me formar,
já tinha minha vaga garantida”, recorda Mateus, que trabalha
numa consultoria multinacional.
A experiência adquirida por Mateus Ribeiro na graduação
contou muito no destino profissional. “O curso forneceu uma base técnica
muito sólida e me ajudou na hora de conseguir um emprego porque,
apesar de ser um curso novo, já é reconhecido pelas empresas”,
conta. Outro peso na balança foi o intercâmbio no exterior
pelo programa da Diretoria de Relações Internacionais da UFMG.
Segundo Mateus, quem está começando deve investir no aprendizado
do inglês, cada vez mais exigido no mercado, e não ter medo
de fazer as malas, se for preciso. “A família faz falta, sim,
e muita gente prefere insistir e tentar achar um emprego na própria
cidade, mas na área de Ciências Atuariais é bom estar
preparado para fazer as malas”, aconselha.
Isabela Carvalho Duarte, 22 anos, é exemplo de quem conseguiu se
dar bem por aqui mesmo, em Belo Horizonte. Formada em 2005, ela começou
a fazer estágio no 5o período, numa empresa de consultoria.
Depois da formatura, o emprego estava garantido. “O estágio
foi fundamental para ter certeza de que era o que eu queria e para aplicar
o conhecimento que recebia na sala de aula”, diz.
O currículo do curso da UFMG, criado há cinco anos, inclui
disciplinas de contabilidade, programação, cálculo,
probabilidade, demografia, estatística e legislação.
Reinaldo Marques, 23 anos, estudante do 7o período, recomenda apostar
“pesado” nos estudos. “No começo, o mais importante
é investir numa boa base teórica, estudar bastante as disciplinas
introdutórias, como Matemática, Estatística e Programação.
As específicas, que são oferecidas a partir da metade do curso,
devem ser complementadas com um estágio, que permite aplicar o que
se aprende na sala de aula”, recomenda o estudante.
Para Isabela Duarte, o curso fornece uma boa base teórica, mas é
importante estar sempre buscando novas informações. “Por
estar em expansão, a área sofre muitas mudanças. Por
exemplo, alterações na legislação e estudos
de demografia, como o aumento da expectativa de vida do brasileiro, afetam
diretamente o trabalho do atuário. O estudante deve procurar se manter
atualizado, pesquisar sites na internet, se aprimorar”, determina.