Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Saúde dos pés à cabeça
Mas a Fisioterapia vai além dos gramados, quadras, piscinas e pistas
esportivas. O profissional pode montar sua própria clínica,
trabalhar em hospitais, ambulatórios e centros de saúde. O
trabalho pode ser na área ortopédica, que é a mais
conhecida, na área respiratória, na geriatria e gerontologia,
na ginecologia e obstetrícia ou na neurologia. Para a coordenadora
do curso da UFMG, Lígia Loiola, o mercado de trabalho já foi
mais animador, mas ela ainda defende que sempre existe espaço para
o bom profissional. Lígia Loiola também informa que muitos
campos da Fisioterapia ainda estão dando os primeiros passos e, nesses
casos, há grandes possibilidades. “A hidroterapia é
bem recente em Belo Horizonte e na Escola de Educação Física,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG nós temos uma piscina
terapêutica onde os alunos já fazem disciplinas e podem participar
de projetos com esse conteúdo”, explica.
Áreas como a ergonomia, voltada para a adequação do
ambiente de trabalho, e a endocrinologia, em que o fisioterapeuta pode atuar
com a reabilitação e a prevenção de complicações
causadas pela obesidade, são outros campos promissores de trabalho.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que pelo
menos 20 milhões de crianças menores de cinco anos e 1 bilhão
de adultos em todo o mundo estejam acima do peso ideal (Fonte: Agência
Reuters, abril de 2006).
Fotos: Foca Lisboa ![]() Piscina terapêutica da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG |
Para driblar as dificuldades do mercado, Alexandre de Oliveira, 29 anos,
optou por uma saída diferente. Ele, que divide seu tempo entre o
mestrado na UFMG e a profissão em Juiz de Fora, resolveu atender
pacientes em casa. Alexandre é um dos chamados homecares, que têm
se tornado muito comuns principalmente no atendimento a idosos. Ele conta
que, atualmente, atende três pacientes: um está de cama há
três anos, a outra mora em um asilo e o terceiro tem Mal de Parkinson
e a família prefere que ele seja atendido em casa. “Temos conseguido
bons resultados, mas o trabalho do fisioterapeuta tem que ser constante
para manter a qualidade de vida dos pacientes”, explica.
Alexandre de Oliveira é um apaixonado pela profissão. “Você
recebe um paciente com dor e ensina um exercício, uma técnica
ou mostra um aparelho e vê que conseguiu ajudá-lo, que ofereceu
um certo alívio. Isso motiva a gente. Eu amo minha profissão”,
diz. Esse entusiasmo é uma espécie de pré-requisito
para quem escolhe a Fisioterapia. “É preciso ter a intenção
de ajudar. O próprio trabalho aproxima bastante paciente e fisioterapeuta.
Muitas vezes quem está sendo assistido não consegue se movimentar
sozinho e você tem que pegar e fazer o movimento junto com ele. Em
muitos casos, o tratamento é diário”, explica a coordenadora
do curso.
![]() Trabalho constante do fisioterapeuta mantém a qualidade de vida dos pacientes |
Essa proximidade será vivenciada pelo aluno a partir do 8o período,
quando começam os estágios curriculares. Guilherme Almada,
24 anos, estudante do 9o período, que faz estágio no Hospital
das Clínicas da UFMG, vê muitas vantagens nessa atividade:
“Em termos profissionais, posso colocar minha bagagem teórica
em prática. E ainda tenho a oportunidade de conviver com pessoas
de diferentes níveis intelectuais, culturais e socioeconômicos,
o que me proporciona um grande crescimento pessoal”. Ele também
afirma que descobriu a importância de avaliar o paciente integralmente
e dar a ele um tratamento humanizado. “Nós não podemos
olhar somente o corpo que está doente, temos que lembrar que ali
existe uma pessoa com emoções, medos, preocupações
e isso deve ser respeitado”, completa. Um caso que ficou marcado na
lembrança do estudante foi o de uma paciente que já havia
procurado vários profissionais de saúde sem conseguir uma
solução para seu problema. Depois de uma avaliação,
Guilherme conseguiu identificar a disfunção da paciente e
tratá-la com sucesso.
Com o novo currículo que deve ser implementado a partir do primeiro
semestre de 2008, o aluno vai entrar em contato com a prática desde
o início do curso e as disciplinas vão acompanhar os ciclos
de vida dos seres humanos ao invés de serem dividas por áreas
de conhecimento. Enquanto a mudança não ocorre, os alunos
vão partindo para a prática por conta própria. É
o caso de Carla Reis, 23 anos, 7o período, que, desde que entrou
no curso, começou a fazer monitorias, procurou os laboratórios
e agora, acompanha o projeto de mestrado de Alexandre de Oliveira. Carla,
que chegou a cursar até o quarto período de Ciências
Biológicas, e depois fez reopção para Fisioterapia,
diz-se apaixonada pela futura profissão. “Quem faz Fisioterapia
ama”, afirma.