Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
A ciência da vida
A palavra “biologia” é uma junção de duas
outras palavras de origem grega: “bio”, que significa “vida”
e “logia” que significa “ciência, estudo”.
Através dessa breve investigação linguística,
já é possível ter uma idéia do que está
envolvido na profissão de biólogo: estudar a vida.
Parece muito amplo? E é mesmo. “A área abrange atividades
para todos os gostos e está crescendo e se desenvolvendo com muita
rapidez. Para acompanhar essa escalada, é preciso um currículo
ágil e flexível, que ofereça ao aluno a oportunidade
de acompanhar as novas tendências – seja como pesquisador ou
como profissional do mercado”, explica a coordenadora do Colegiado
de Graduação, professora Denise Carmona.
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Pensando nisso, o curso adotou, a partir deste ano, uma nova estrutura curricular. As disciplinas essenciais para a formação específica de um biológo, como Genética, Evolução, Botânica, Zoologia, Ecologia e Bioquímica, continuam a fazer parte do curso como disciplinas obrigatórias. Mas, agora, abriu-se espaço para a formacão complementar, em que o aluno escolhe disciplinas de outras áreas, relacionadas à sua formação, e para a formação livre, em que pode cursar qualquer disciplina que o interesse, de qualquer área do conhecimento. Assim, quem se interessa por Biotecnologia, por exemplo, pode enriquecer seus conhecimentos com disciplinas da área de Engenharia Médica e Engenharia de Estruturas. “Incluímos uma disciplina no primeiro período que vai servir justamente para apresentar as muitas possibilidades do curso, trazendo profissionais de cada área para discutir e tirar dúvidas. Além disso, cada aluno é orientado por um professor para não ficar perdido e acertar na escolha”, garante a coordenadora do curso. Segundo Denise Carmona, a nova estrutura curricular herdou os aspectos positivos da proposta anterior. “Continuamos incentivando a iniciação científica. Afinal, o Instituto de Ciências Biológicas (ICB) é um dos maiores institutos de pesquisa do país e é fundamental que os alunos possam aproveitar essa estrutura”.
Liberdade de escolha O curso investe
em bolsas de pesquisa – foram 185 bolsistas de iniciacão científica
só em 2005 – e as atividades de laboratório contam no
currículo. “Consegui estágio num laboratório,
mesmo estando no primeiro período e sem muita experiência”,
relata Raphael Steinberg da Silva, 18 anos, que trabalha no Laboratório
de Genética Humana e Médica do Instituto de Ciências
Biológicas. “Escolhi a genética porque creio que ela
pode ajudar o homem a explicar melhor seus fenômenos e a encontrar
alternativas para solucionar muitos problemas”, diz. Raphael faz parte
da primeira turma a adotar a nova estrutura curricular. “Creio que
agora é possível ter uma visão mais ampla das opções
que o curso oferece e mais liberdade para escolher. Além disso, as
aulas ficaram concentradas na parte da manhã, deixando tempo disponível
para atividades complementares e estágios à tarde”,
afirma.
Como Raphael, Danielle da Glória de Souza, 30 anos, também
sabia o que queria logo que entrou no curso. “Sempre gostei de pesquisa
e era esse meu objetivo”, recorda. Terminada a graduação,
partiu para a pós-graduação. Em apenas quatro anos,
já havia concluído o mestrado e o doutorado. Em janeiro de
2006, concluiu o pós-doutorado e hoje é professora adjunta
do departamento de Microbiologia do ICB. “O diferencial da UFMG é
a oportunidade de uma boa iniciação cientifica, o convívio
com cientistas extremamente competentes e bons cursos de pós-graduação”,
aponta. Para os calouros, ela dá a dica: “busquem uma área
que os agrade e comecem a iniciação cientifica o mais rápido
possível”.
Mas para quem não gosta muito da idéia de ficar fechado entre
as quatro paredes de um laboratório ou de uma sala de aula, nada
de pânico. Há muitas outras opções para um biólogo.
Gláucia Drummond, 40 anos, escolheu a Ecologia, porque percebeu,
ainda na graduação, que gostava das atividades ao ar livre.
Após a formatura, fez o mestrado na área e hoje trabalha como
superintendente técnica da ONG Biodiversa. “É fundamental
para um ecólogo gostar de viajar e de fazer trabalho de campo”,
aconselha, “mas o conhecimento teórico também conta
muito para uma boa prática”. Por isso, nada de “cair
no mato” e abandonar os livros. “O desafio do ecólogo
é aliar desenvolvimento à conservação. É
preciso pensar métodos que possam ser aplicados e apresentar respostas,
daí a importância de fazer pesquisas”, defende Gláucia,
que já está de olho no doutorado da UFMG.