Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Afinidade com máquinas e teoremas
No começo é assim mesmo. O coordenador do curso de Matemática Computacional da UFMG, Helder Rodrigues, explica que, até o terceiro período, o aluno tem matérias do ciclo básico de Ciências Exatas, estuda Cálculo, vê os fundamentos de mecânica e eletricidade em Física, aprende probabilidade em Estatística e o básico de programação. Depois disso, muitas matérias em Matemática e mais algumas na Computação. O professor chama a atenção para as matérias específicas do curso. A cada semestre, é ofertado um tópico em Matemática Computacional, que ensina uma forma de aplicação da Matemática em determinada área do conhecimento.
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Hoje, o estudante Wesley Pereira sabe que seu curso o prepara para trabalhar
com a Computação para fins matemáticos. Reginaldo Braz,
24 anos, formado em Matemática Computacional e mestrando em Matemática,
também só foi entender qual era o objetivo do curso quando
começou a fazer iniciação científica e trabalhou
com programação para resolver problemas matemáticos.
A área exige cuidados redobrados. Segundo Luciano Coutinho, 23 anos,
colega de Reginaldo desde os tempos da graduação, não
é muito seguro confiar inteiramente em uma resposta dada pelo computador.
“Simula-se um sistema computacionalmente e depois vem a prova com
a Teoria Matemática. No computador não se pode ter certeza
do resultado, tudo é uma aproximação, nós lidamos
com sistemas com muita sensibilidade e, por isso, sujeitos a erros”,
diz Luciano. É aí que o profissional vai dispor de seus conhecimentos
matemáticos, utilizando fórmulas e cálculos para provar
se o resultado está certo ou não.
É bom ficar claro que o curso não é igual ao de Ciência
da Computação. Para se dar bem com Matemática Computacional,
é preciso gostar de Matemática e ter afinidade com os computadores.
“Se você já programou e não gostou, não
faça Matemática Computacional. Se você gosta muito de
Matemática, e, em vez de dar aulas ou ficar pesquisando teoremas,
você quer aplicar a Matemática em alguma outra área,
então faça o curso”, recomenda o estudante Wesley Pereira.
Mergulho profundo Nos dois últimos períodos da graduação, o aluno escolhe matérias optativas de Matemática, Computação, Estatística, Física ou Economia. É nesse momento que ele conhece mais a fundo uma determinada área de aplicação. Assim, quem escolher a Matemática, pode desenvolver programas que provem teoremas, por exemplo. Já quem se inclina mais para a Computação, pode aplicar os conhecimentos matemáticos e geométricos na computação gráfica. Quem optar pela Estatística, vai poder fazer simulações de processos incertos, observando e comparando probabilidades. Na Física, todos os processos poderão ser simulados pelo matemático computacional. E a opção pela Economia possibilita o trabalho em bancos, consultorias financeiras, empresas de seguros e setores financeiros de diversas empresas.
![]() O computador trabalha resultados aproximados. A comprovação vem com a Matemática. |
Mas essas não são as únicas possibilidades de atuação
do profissional formado em Matemática Computacional. Kleider Torres
de Camargos, 27 anos, formou-se no final do ano passado, mas desde o começo
da graduação trabalhou com Bioinformática, desenvolvendo
um software (programa de computador) para programas que montavam o DNA e
procuravam repetições e seqüências em sua estrutura.
Enquanto era estudante, também participou de um projeto do Governo
Federal que elaborava cursos a distância para funcionários
públicos. Atualmente, trabalha em uma empresa que vende produtos
para famosas concessionárias de automóveis e desenvolve softwares
para realização de vendas, assuntos administrativos e contabilidades
financeiras.
Alexandre Marinho de Almeida, 23 anos, formado há um ano e meio,
trabalha em uma empresa da área de mineração. Para
ele, o diferencial do curso da UFMG é a base forte em Matemática
e a habilidade com programação. “Fui contratado com
a intenção principal de cuidar da estrutura de informática
da empresa e desenvolver pequenos programas. Com o tempo, percebemos que
eu poderia me adaptar bem aos projetos de engenharia. Hoje, minha empresa
possui 11 funcionários e três deles são formados em
Matemática Computacional”, conta. O profissional ainda pode
optar por fazer mestrado na área em que se especializou – Computação,
Matemática, Estatística, Física ou Economia.