Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Alquimia da vida
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Onde há transformação de matéria lá estão eles tentando explicar, alterar e criar novos processos. A curiosidade é pré-requisito para o Químico ser bem sucedido. No mercado de trabalho, as possibilidades de atuação são inúmeras e vão desde indústrias e hospitais até as salas de aula. Hoje em dia, o ramo industrial tem absorvido muitos profissionais, indispensáveis na elaboração de novos produtos, controle de qualidade e de emissão de poluentes.
A química Larissa Vieira Bighetti, 31 anos, já trabalhou
em todos esses ramos em várias fábricas da Coca-Cola. Atualmente,
ela é a responsável pelo controle de qualidade, treinamento
de pessoal e estudos de novas soluções químicas na
fábrica de Belo Horizonte. A função de coordenadora
veio depois da de concluída a especialização em Administração.
“No meu caso, a atualização constante e a soma dos conhecimentos,
de Química e Gestão, são fundamentais para que eu exerça
bem a minha função”, conta Larissa.
Formar profissionais com conhecimentos complementares é um dos objetivos
do novo currículo do curso de Química da UFMG. Para isso,
os alunos podem escolher algumas disciplinas em outros departamentos da
Universidade. Outra novidade é que agora os estudantes fazem disciplinas
específicas desde o 1o período, sem deixar de lado o conteúdo
básico em Matemática, Física e Química, que
vai até o 4o período.
Reação em cadeia Uma formação sólida nessa área do conhecimento depende de várias escolhas dos alunos. Como uma reação em cadeia, as opções feitas nos primeiros períodos vão repercutir, certamente, na formação profissional. Para os alunos do curso diurno, a primeira delas é feita no 3o período, quando seguem pelo caminho da Licenciatura ou do Bacharelado. O curso noturno só é oferecido na modalidade Licenciatura, que também requer escolhas entre as disciplinas optativas e entre os quatro estágios obrigatórios que podem ser feitos em qualquer escola do ensino médio.
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O aluno que quer trilhar o caminho do ensino deve também fazer algumas
matérias na Faculdade de Educação (FAE) da UFMG, além
dos laboratórios. Já os futuros bacharéis terão
uma carga horária dedicada à prática experimental.
Lugar para se exercitar é que não falta. Com a inauguração
do novo prédio do departamento de Química, em 2005, foram
criados mais 32 laboratórios. Além dessas atividades, o estudante
deve fazer também pelo menos um estágio de 180 horas.
Tanto os futuros bacharéis quanto os professores podem, ou melhor,
devem fazer iniciação científica na Universidade. É
o caso da aluna do 4o período Cláudia Tavares, 23 anos, do
curso noturno. Depois de formada, ela pretende fazer mestrado e dar aulas
em universidades. Para levar a frente a sua intenção, Cláudia
ingressou bem cedo na pesquisa. “Além de ajudar na formação,
muitas pesquisas tratam de assuntos que normalmente não são
abordados no curso de graduação”, explica a aluna.
Para a professora Amélia Gomes do Val, coordenadora do curso, as
pesquisas extra-curriculares são importantes para a formação
do aluno. “Por trabalharem em parceria, os laboratórios acabam
por colocar o estudante em contato com as demandas do mercado”, explica.
Um bom exemplo é o Laboratório de Análises de Combustíveis,
que funciona em parceria com a Agência Nacional do Petróleo.
Os laboratórios são importantes não só para
quem está no curso superior, mas para os estudantes do ensino médio
e fundamental. Por meio de experiências simples e divertidas, os alunos
podem entender melhor e gostar mais da Química. Essa é a opinião
do professor Vinícius Catão, 26 anos. Para ele, “a disciplina
não é bem recebida pelos alunos porque, na maioria das escolas,
não é vinculada ao dia-a-dia”.
O professor, que também faz mestrado em educação, explica
que a metodologia de ensino é uma preocupação constante
da profissão. Durante o curso, boa parte da grade curricular envolve
didática e ensino. É um suporte para os futuros professores
enfrentarem esses obstáculos. Infelizmente, nem todas as escolas
disponibilizam a estrutura necessária para as aulas. Ex-funcionário
da rede pública, Vinícius trabalha, atualmente, em uma escola
particular que possui laboratório, faz trabalho de campo e atividades
interdisciplinares de ciências. Entretanto, a realidade das escolas
públicas é bem diferente, afirma o professor: “Lá,
o professor tem que fazer manobra com quadro e giz”.