Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Redesenhando o espaço
A responsabilidade é grande – um pequeno erro de cálculo e tudo pode vir abaixo. Que o diga Renata Corrêa, 25 anos, engenheira civil formada na UFMG. Renata presta serviços para uma empresa de engenharia na área de cálculo estrutural. “Meu trabalho é levantar dados para detalhar as dimensões e o posicionamento de cada estrutura prevista no projeto”, explica. A engenheira, que sempre teve facilidades com números, descobriu a afinidade com a área de cálculo estrutural em um estágio, que conseguiu ainda no 5o período do curso, com ajuda de um professor. “É fundamental se dedicar aos estudos, procurar conhecer as possibilidades de trabalho, fazer contato com professores e procurar bons estágios. Uma boa carreira começa durante o curso de graduação”, defende.
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Felipe Bittencourt, 24 anos, concorda. Durante a graduação, ele fez de tudo um pouco. Logo no começo, foi monitor de cálculo. Depois, conseguiu uma bolsa de pesquisa, na área de estruturas. No 6o período, conseguiu um estágio e, na sequência, inscreveu-se para participar de um programa de intercâmbio, parceria entre o Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental e a BTU-Cottdus, Universidade Técnica de Brandemburgo. Resultado: passou um ano na Alemanha estudando gerenciamento de recursos ambientais. Voltou certo de que seu interesse era na área ambiental. Foi o suficiente para impulsionar o estudante a fundar a Empresa Júnior do Meio Ambiente, onde teve a oportunidade de colocar em prática seus conhecimentos, elaborando projetos para empresas e para a própria UFMG. Na hora de conseguir um emprego, a experiência contou, e muito. “Participei do processo seletivo da Odebrecht, um dos mais difíceis e concorridos da área. Eles estavam procurando alguém com domínio de inglês, que tivesse dinamismo e espírito empreendedor. Tanto o intercâmbio como minha experiência na empresa júnior contaram muito”, lembra. Hoje, é contratado da empresa e trabalha em um grande empreedimento imobiliário. Mas não abandonou os estudos. “Faço mestrado na área ambiental e quero fazer doutorado”, conta. Segundo ele, o curso é excelente para quem souber aproveitar tudo que é oferecido. “No começo, o principal é conseguir boas notas, investir numa base sólida de conhecimento. Depois, no final do curso, vai fazer a diferença”, garante.
Estudo e dedicação O curso exige do aluno muito estudo e dedicação. Nos dois primeiros anos, há aulas de manhã e de tarde, com disciplinas da área de Matemática e Física. A partir do 5o período, as disciplinas são relacionadas às seis áreas de formação profissional: Construção Civil, Estruturas, Transportes, Hidráulica e Recursos Hídricos, Ambiental e Solos, Sanitária e Geotecnia. Mas o campo profissional do engenheiro civil é ainda mais aberto e muitos profissionais acabam atuando em outros segmentos, como gestão e administração. “O campo de trabalho se abre ao engenheiro, se ele estiver preparado para novas oportunidades”, diz o coordenador do curso de Engenharia Civil da UFMG, professor Roberto Márcio da Silva. Segundo ele, o curso oferece uma formacão ampla, que possibilita ao estudante desenvolver o raciocínio lógico e aplicar suas habilidades. “Formamos profissionais especialistas em resolver problemas”, ressalta.
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Com tantas opções de atuação, a palavra é
experimentar. Para isso, o curso oferece o Trabalho Integrado Multidiscplinar
(TIM), programa em que os alunos realizam trabalhos envolvendo as seis áreas
da Engenharia Civil. “É como planejar uma cidade. Tem que pensar
em pavimentação, esgoto, vias de transporte, distribuição
de água. É uma ótima oportunidade de aprender através
da prática”, conta Felipe Bittencourt.
Outra oportunidade é o Programa Internato Curricular. Os alunos viajam
para cidades do interior, para elaborar projetos e propor melhorias para
as comunidades - uma oportunidade de lidar com problemas reais, que exigem
soluções viáveis. “O internato valoriza a dimensão
social do engenheiro”, afirma o coordenador do curso. Dimensão
que também está presente no currículo, que inclui disciplinas
optativas da área de Ciências Humanas, úteis para lidar
com os aspectos sociais da atividade do engenheiro.
Everto Cruvinel, 23 anos, estudante do 10o período do curso, já
está ciente de seu papel. “Temos uma responsabilidade moral
com o país, principalmente na área de habitação
e saneamento, que atingem diretamente a população”,
avalia. Como Felipe, Everto também fez intercâmbio. Passou
seis meses na École Nationale de Ponts et Chaussées, com bolsa
fornecida pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior). “Foi uma experiência que
abriu meus olhos para o quanto ainda temos que fazer pelo Brasil”.
Após a formatura, Everto, natural de Araxá, quer continuar
a aprimorar seus conhecimentos e ganhar experiência profissional para
abrir seu próprio negócio. “Quero levar o que aprendi
para minha cidade”, planeja.