Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Prazer de viver o dia-a-dia
A vida é mesmo repleta de surpresas e descobertas. Luciana Macedo,
21 anos, tem uma irmã caçula que nasceu com paralisia cerebral
que, a partir dos cinco anos, necessitou do acompanhamento de uma terapeuta
ocupacional. A história da irmã traçou o destino de
Luciana. “A terapeuta ocupacional acompanhou minha irmã, trabalhou
em conjunto com a nossa família, nos orientou sobre os cuidados,
fez um acompanhamento na escola, com os professores. Eu acabei me apaixonando
por essa profissão”, conta. Final feliz para as duas: hoje
a irmã leva uma vida absolutamente normal e Luciana está no
4o período de Terapia Ocupacional na UFMG.
Muita gente não sabe exatamente quais são as funções
de um terapeuta ocupacional. “É um profissional da área
da saúde que tem como foco o cotidiano de pessoas que perderam, temporária
ou permanentemente, a capacidade de cuidar delas mesmas, de trabalhar ou
de ter lazer. O terapeuta ocupacional intervém no dia-a-dia desses
indivíduos e trabalha para que eles recuperem a autonomia e integração
social”, esclarece a coordenadora do curso da UFMG, Gisele Beatriz
Alves.
Os muitos lugares A partir do 8o período, começam os estágios curriculares. Clarice Ribeiro, 25 anos, estudante do 10o período, está terminando essa última etapa. E se no começo a ex-estudante de Farmácia – que resolveu mudar de curso e buscar uma área que co-relacionasse Saúde e Ciências Humanas – tinha dúvidas se ia gostar ou não da Terapia Ocupacional, os estágios serviram para trazer a certeza. Clarice já fez estágios em Neurologia, Gerontologia, e atuou durante dez meses em um Centro de Referência em Saúde Mental. Ela acabou optando pela área de Desenvolvimento Infantil e hoje realiza uma pesquisa que estuda transtornos de coordenação motora.
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O profissional formado em Terapia Ocupacional pode se especializar em em
Saúde Mental, em Desenvolvimento Infantil ou em Saúde Física.
As áreas de atuação mais recentes são Gerontologia
e Saúde do Trabalhador. A diversidade de opções acaba
“mexendo” muito com a cabeça dos alunos, mas este é
o tipo de dúvida que vale a pena. “Você fica um pouco
confusa sobre o caminho a escolher”, diz Clarice Ribeiro. Ela já
fez estágios em Neurologia, Gerontologia, e trabalhou durante dez
meses em um Centro de Referência em Saúde Mental. Depois de
tantas experiências, a estudante optou por dedicar-se à area
de Desenvolvimento Infantil e atualmente participa de um projeto de pesquisa
que estuda transtornos de coordenação.
Atuar na área de Saúde do Trabalhador foi a opção
feita pelo terapeuta ocupacional Flávio Frade, 38 anos. Mas o profissional
também teve outras experiências: durante quatro anos atuou
na reabilitação física. “Eu percebia que os pacientes,
em sua maioria, eram trabalhadores, mas eu não conhecia a atividade
de trabalho deles de perto e então resolvi atuar tendo contato direto
com o ambiente em que trabalham”, conta. Hoje ele oferece consultoria
na área de saúde do trabalhador, fazendo intervenção
educacional, acompanhamento e controle, e readaptação profissional
dos funcionários de uma empresa privada de Belo Horizonte.
Flávio Frade afirma que “é o único profissional
do estado a desempenhar esse tipo de trabalho”. “Há também
alguns terapeutas ocupacionais em Centros de Referência em Saúde
do Trabalhador, que são órgãos públicos, mas
imagine quantas empresas privadas nós temos só em Minas Gerais!
O trabalho do terapeuta ocupacional nessa área é pouco divulgado
e há uma falta de conhecimento das possibilidades de atuação”,
determina o profissional.
Luciana Macedo concorda com essa avaliação e, junto com outros
colegas do curso, participa de um projeto que visa melhorar as condições
de trabalho dos funcionários da Escola de Educação
Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG, coordenado pela
professora do Departamento de Terapia Ocupacional, Ciomara Pérez
Nunes. Eles analisam e observam o dia-a-dia de trabalho desses funcionários
com o objetivo de propor melhorias nas condições de trabalho.
“É necessário ir à raiz do problema, verificar
o que deve ser mudado e pensar as estratégias para implementar essas
mudanças”, explica Luciana.
Para ela, seja qual for o campo de atuação, a profissão
é muito bonita, mas aproveita a oportunidade para fazer um alerta
aos futuros estudantes: “O curso exige muito, a carga horária
é puxada, tem que entrar com pé no chão e dedicar-se
de verdade, porque cuidar da saúde do outro é uma responsabilidade
muito grande”.