Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Arte de interpretar o passado
Para isso, as fontes de informação são as mais variadas
e incluem documentos oficiais e não oficiais, jornais, revistas,
livros, diários, cartas, gravações, fotografias, entrevistas,
entre outros. “A história é o vivido do homem e o contado
desse vivido, ou seja, as suas interpretações”. A definição
feita pela coordenadora do curso de História da UFMG, Cristina Campolina,
leva em conta o estudo do passado com os olhos do presente. Afinal, o historiador
não está preso ao passado e sua interpretação
envolve o conhecimento acumulado e compartilhado da época em que
vive.
Quando entrou para o curso de História da UFMG, o aluno do 7o período
Wilkie Buzatti, 23 anos, conta que se surpreendeu. “Eu pensava que
ia estudar História como no colégio, mas é bem diferente.
Tem uma carga teórica muito intensa e abrangente. Aprendemos não
só o conteúdo convencional, mas também as diferentes
linhas do estudo. Tudo isso nos leva a ter um olhar crítico do processo
histórico”, explica Wilkie.
A investigação, feita como se fosse um trabalho de detetive,
é uma das coisas que mais atrai o estudante. Atualmente, ele é
bolsista de iniciação científica no Projeto República
da UFMG e pesquisa o movimento estudantil em Minas Gerais. Cada nova informação
encontrada é sempre motivo de comemoração. Além
de arquivos institucionais, as fontes alternativas são um desafio
constante. “Essas fontes enriquecem bastante a pesquisa, mas são
muito mais difíceis de serem encontradas”, explica o aluno.
O caminho do Bacharelado escolhido por Wilkie leva aos mais diferentes percursos.
Na maioria das vezes, o profissional continua a fazer pesquisas, mas pode
trabalhar também em museus, acervos, programas culturais e organismos
de preservação do patrimônio histórico e cultural.
O estudante, entretanto, quer seguir a carreira acadêmica. No final
deste ano, quando se formar, vai tentar o Mestrado e continuar a sua pesquisa
na área de Republicanismo.
História em curso Quem faz
história na UFMG pode também optar pela Licenciatura, que
forma professores do ensino médio e fundamental. A escolha da habilitação
deve ser feita no 4o período, momento em que os estudantes passam
a fazer disciplinas específicas. Antes disso, entretanto, todos os
alunos devem fazer o conteúdo básico, que envolve História
da Arte, História Antiga, História Medieval e História
Moderna, História do Brasil, História da América, entre
outras.
Para os futuros bacharéis o estágio não é obrigatório.
Entretanto, a Universidade oferece inúmeras oportunidades de iniciação
científica e projetos de extensão que acabam levando os estudantes
a exercerem atividades complementares extracurriculares. Já na Licenciatura,
o estágio é feito no último ano do curso e o aluno
faz monitorias em escolas públicas ou privadas.
Para o estudante do 7o período de licenciatura André
Pedroso, 25 anos, mesmo com as disciplinas de prática de ensino e
o estágio, o aluno só aprende a prática quando vai
para a sala de aula. A dica é dar aulas em pré-vestibulares,
que costumam ter grande demanda por estudantes de História. Atualmente,
André dá aula como voluntário em um curso de pré-vestibular
comunitário. “Em sala de aula fazemos o exercício da
retórica, perdemos o medo de falar, aprendemos a trabalhar melhor
com o tempo e a manusear o conteúdo”, explica André.
Paralelamente à pratica de ensino, André realiza uma pesquisa
sobre Inconfidência Mineira, na UFMG. Para ele, quem quer dar aulas
também deve ter contato com a pesquisa. Além de adquirir facilidade
com a escrita acadêmica, de aprender a ter contato com as fontes históricas,
a iniciação científica oferece subsídios para
quem quer fazer mestrado. “O mercado é muito competitivo e
a profissão de professor muitas vezes é desvalorizada. O mestrado
nos dá a chance de ter salários melhores”, reforça
o estudante.
O curso de história da UFMG também possibilita ao aluno fazer
disciplinas em outros departamentos. É a chamada formação
complementar. Para a coordenadora do curso, o historiador deve procurar
outras áreas de interesse para ampliar os seus conhecimentos e com
isso obter maior domínio e compreensão da História.
Foi o que Wilkie fez. Como a sua pesquisa trata de movimentos estudantis,
a formação complementar escolhida foi no departamento de Ciências
Políticas. “O contato com outras linguagens e abordagens tem
me ajudado muito na pesquisa”, reforça o estudante.