Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Comunique-se com o mundo
O trabalho do fonoaudiólogo com deficientes auditivos é pouco
conhecido. Além de diagnosticar a deficiência, o fonoaudiólogo
determina o melhor aparelho auditivo e auxilia na reabilitação.
Esse tipo de trabalho demanda persistência, união com os familiares,
atenção e cuidado. E foram essas características que
despertaram o interesse de Valéria Lana, 25 anos, fonoaudióloga
clínica. “Mesmo quando os pais, médicos e os próprios
pacientes acreditam ter chegado ao limite, a reabilitação
abre novos caminhos e aumenta a esperança de uma vida melhor. É
muito recompensador”, conta a profissional, que se formou na UFMG
em 2005.
A Fonoaudiologia estuda os processos de comunicação entre
os seres humanos, de todas as idades, e suas alterações dentro
de quatro grandes áreas: audição, fala, voz e linguagem.
O profissional formado nessa área atende, por exemplo, pessoas com
dificuldades na pronúncia, alterações na voz e gagueira.
Sua atuação pode acontecer ainda em conjunto com outros profissionais,
já que uma alteração comunicativa deve-se, em muitas
vezes, a uma soma de fatores, dentre eles, psicológicos, fisiológicos,
neurológicos e genéticos.
Fotos: Foca Lisboa ![]() O Ambulatório de Fonoaudiologia fica no Hospital das Clínicas da UFMG |
De acordo com Valéria Lana, existem campos de trabalho pouco explorados, como estética facial, que trabalha o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos padrões da voz, da fala e da face. Consultórios, hospitais, maternidades, asilos e escolas são possíveis espaços de trabalho para um fonoaudiólogo, que pode atuar também na área de comunicação e artes, desenvolvendo atividades de aperfeiçoamento da voz, da fala e da expressão de atores, cantores, locutores e apresentadores de televisão, por exemplo. Para Juliana Preisser, 23 anos, fonoaudióloga clínica, o interesse pela área veio com a descoberta da possibilidade de lidar com o ser humano, com o indivíduo. Formada pela UFMG em 2004, ela está cursando mestrado em Estudos Lingüísticos, na Faculdade de Letras da UFMG, e trabalha em clínicas com outros profissionais, como médicos otorrinolaringologistas, nutricionistas, dentistas, psicólogos e fisioterapeutas.
Formação ampla O curso da UFMG fornece várias possibilidades de atuação e aprendizagem. “A idéia é não achar que a fonoaudiologia se fragmenta em pedaços. Nosso objetivo é formar um profissional generalista, um fonoaudiólogo que tenha o conhecimento básico de todas as áreas – audiologia, fala, voz e linguagem” – revela Letícia Caldas, sub-coordenadora do curso de Fonoaudiologia da UFMG. Mas mesmo habilitado a trabalhar em todas as áreas, o fonoaudiólogo necessita, após a graduação, especializar-se em uma área.
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Um dos pilares dessa formação abrangente é o currículo
flexibilizado, que permite contato com outras unidades da UFMG. “Essa
proximidade com outras realidades abre as perspectivas e permite que o aluno
desenvolva um senso crítico, um senso de organização
e de entendimento da fonoaudiologia como uma estrutura maior”, afirma
a sub-coordenadora.
Os dois primeiros semestres são oferecidos no Instituto de Ciências
Biológicas (ICB), no campus Pampulha. O aluno cursa disciplinas obrigatórias
de Anatomia, Citologia, Fisiologia e Neurologia. “É uma parte
mais árdua, mas necessária”, explica Letícia
Caldas. Em seguida, as aulas acontecem na Faculdade de Medicina, no campus
Saúde, na região central de Belo Horizonte. A partir desse
momento os alunos começam a construir uma grade de disciplinas optativas
e eletivas, oferecidas em 11 unidades da Universidade, voltadas para suas
aptidões específicas e anseios profissionais.
É também a partir do 3o período que o aluno pode começar
a freqüentar o Ambulatório de Fonoaudiologia, que fica no Hospital
das Clínicas. Mas o atendimento ao público só é
autorizado a partir do 5o período. “Não dá para
o aluno começar a atender logo depois de sair do ciclo básico.
Mas, ao mesmo tempo, queremos que ele tenha um contato mais próximo
com a prática da profissão, por isso instituímos o
estágio de observação”, explica a sub-coordenadora.
Os alunos podem ainda realizar estágios extra-curriculares e participar
de projetos nas áreas de Saúde, Humanas, Lingüística
e Artes. Flávia Guedes, 27 anos, aluna do 8o período, não
perdeu tempo e aproveitou várias oportunidades que o curso lhe oferecer.
Hoje ela faz parte do “Frutos do Morro”, projeto de extensão
universitária que trabalha com a promoção da saúde
e a prevenção da violência. Além disso, participa
dos projetos “Orientação a gestantes e nutrizes”
e “Projeto ACRIRAR”, que acompanha o desenvolvimento de crianças
prematuras por meio de ações de promoção e prevenção
da saúde. “Os três projetos foram muito importantes,
proporcionando-me aprendizados únicos e motivando o trabalho com
a saúde”, revela Flávia.