Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Encontrar soluções, tomar iniciativas, saber como dar vida
a idéias. Na hora de investir na carreira, é preciso espírito
empreendedor. E há quem prefira não esperar pelo diploma para
colocar esse espírito empreendedor em ação.
Esse é o caso dos estudantes que participam do Movimento Empresa
Júnior, que reúne empresas gerenciadas por estudantes da graduação,
de consultoria e sem fins lucrativos. Esses alunos já atuam como
verdadeiros empresários, realizando projetos e prestando serviços
em suas respectivas áreas de formação.
Para se ter uma idéia do alcance da iniciativa, segundo dados da
Brasil Jr., Confederação Nacional das Empresas Juniores, existem
mais de 600 empresas em todo o país, sendo que 60% estão nas
instituições públicas de ensino superior. Elas realizam,
em média, 2000 projetos de consultoria por ano, movimentando recursos
superiores a R$ 2 milhões.
Na UFMG, são 16 empresas, 11 delas filiadas ao Núcleo UFMG
Júnior (leia quadro). “A idéia é representar
e integrar todas as empresas filiadas, garantindo condições
básicas de funcionamento e promovendo a troca de experiências”,
informa Maurício Teixeira, 21 anos, coordenador do Núcleo
e estudante do 5o período de Engenharia de Controle e Automação.
“Não queremos competir com as empresas de consultoria estabelecidas
no mercado. A maioria de nossos serviços são voltados para
micro e pequenas empresas, que muitas vezes não têm como arcar
com despesas de prestação de serviços”, afirma
o estudante, que também integra a equipe da Consultoria e Projetos
Elétricos Jr (CPE Jr).
Todos os recursos arrecadados com os trabalhos são revertidos para
a manutenção das próprias empresas. “Nós
oferecemos um serviço de extrema qualidade, todos orientados por
professores. Mas os valores são simbólicos, já que
não visamos o lucro”, esclarece, ainda, Maurício Teixeira.
Agora, o Núcleo UFMG Jr. busca maior apoio institucional. Na tentativa
de ampliar o diálogo com a Universidade, o Núcleo procurou
a Diretoria de Assuntos Estudantis (DAE), recentemente criada pela Reitoria.
Na pauta da reunião, várias sugestões, entre elas a
de que as atividades desenvolvidas pelos estuantes nas empresas juniores
possam ser revertidas em créditos na graduação, por
exemplo. Segundo a diretora da DAE, Samira Zaidan, as propostas precisam
ser encaminhadas e analisadas pelos órgãos deliberativos da
Universidade. Samira, uma entusiasta das empresas juniores, aposta no trabalho
dos estudantes. “Essa iniciativa é muito interessante porque
se baseia num novo modelo empresarial, pautado na responsabilidade social
e na colaboração do trabalho”, avalia a diretora da
DAE.
Na opinião de José Sérgio Nogueira, 21 anos, estudante
do 6o período de Administração e presidente da UFMG
Consultoria Júnior, as empresas são formadoras de talentos.
“Quem sai daqui, acaba se destacando nos processos de seleção
para estágios e empregos”, garante. José Sérgio
também preside o conselho deliberativo da Federação
Mineira das Empresas Juniores (FEJEMG), órgão que representa
todas as empresas do estado.
O empreendedorismo está em pauta mesmo nos cursos que ainda não
formaram sua própria empresa júnior. Atento para o assunto,
o professor Cláudio Urgel, da Escola de Música, criou a disciplina
Empreendedorismo em Música. “O objetivo foi despertar o interesse
dos alunos e transformá-los em auto-produtores, ou seja, os alunos
devem sair da Universidade preparados para elaborar projetos e captar recursos
na área de cultura, a fim de se tornarem gestores de suas próprias
carreiras”, explica o professor. Como trabalho final de conclusão
de curso, os estudantes, divididos em grupos, tiveram que apresentar um
projeto para a Lei Federal de Incentivo à Cultura. Foram, por exemplo,
elaborados projetos de oficinas de música no interior do estado,
de realização de ópera em praças públicas,
de cursos de musicalização. “Os alunos captaram bem
o espírito da produção cultural, que tem como valor
a responsabilidade social, a formação cultural das pessoas”,
avalia Urgel, que pretende voltar a oferecer a disciplina no próximo
ano letivo. “Na área cultural, ainda há muito a se fazer.
É preciso incentivar os futuros profissionais a terem iniciativa”,
defende.
Quem são elas? Filiadas ao Núcleo UFMG
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