Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Oportunidades em expansão
Versatilidade, com visão do todo. Essa é a receita da Engenharia de Produção para controlar e organizar sistemas produtivos, seja em uma siderurgia ou em um hospital.
Indeciso entre as áreas de Humanas e Exatas, Thiago Augusto de Oliveira, 23 anos, “caiu de pára-quedas” na Engenharia de Produção. Mas ele acabou acertando na escolha, já que o curso é, por natureza, multidisciplinar e alia o conhecimento aplicado da Engenharia, envolvendo muitas contas e planejamento, ao conteúdo das Ciências Sociais, como História da Ciência, Filosofia da Técnica, Antropologia Econômica e análises relacionadas ao processo de produção. “No curso, descobri minha paixão e vocação pelos métodos quantitativos”, assume Thiago, que se formou em janeiro de 2006 e hoje trabalha em uma empresa de Consultoria em Logística, no Rio de Janeiro.
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Segundo Thiago, as operações logísticas – como
transporte, armazenagem, instalações, entre outros –
representam, em todo o mundo, uma parcela significativa dos custos de uma
empresa. “As decisões logísticas, como o local das instalações
e a gestão de transporte têm impactos diretos nos custos e
nas vendas, o que aumenta a importância desse trabalho, especialmente
no Brasil, um país de dimensões continentais”, explica
Thiago.
A experiência durante a graduação contou muito na hora
de conseguir um emprego. No segundo período, Thiago entrou para a
empresa júnior do curso, a Produção Júnior,
onde atuou, até o 4o período, na diretoria de Recursos Humanos.
Do 5o ao 7o, fez parte de projetos de iniciação científica.
Paralelamente a essas experiências, Thiago se envolveu com o Movimento
Estudantil, ajudando, por exemplo, a fundar o Grêmio de Engenharia
de Produção. “Participamos da discussão sobre
a estrutura curricular do curso, o que gerou grandes alterações
e melhorias”, orgulha-se. Além disso, fora da UFMG, realizou
dois estágios curtos: na AeroBravo e na CVRD.
Já a formação de Márcio Barbosa, 25 anos, foi
um pouco diferente. Depois de quatro anos cursando Engenharia Elétrica,
ele passou para a de Produção. “É um curso dinâmico,
que desenvolve tanto habilidades quantitativas, característica dos
diversos cursos de engenharia, como outras, qualitativas”, explica
Márcio, que hoje faz mestrado em Engenharia de Produção.
Para Márcio, a grande diferença do curso está na exigência
de uma maior participação dos alunos e na oportunidade de
desenvolvimento do conhecimento através da pesquisa. Márcio
já teve propostas de trabalho que surgiram como resultado de seus
projetos de pesquisa na Universidade, mas até o momento preferiu
continuar investindo na sua formação e se dedicar exclusivamente
ao mestrado.
A estudante do 10o período, Ana Carolina Vaz, 23 anos, diz que o
curso integra áreas importantes da engenharia, economia e administração,
já que a Engenharia de Produção não lida com
tecnologias e com produtos isoladamente, mas sim com sistemas integrados.
Ana participou de dois projetos de iniciação científica.
Um deles em uma associação e o outro em uma multinacional.
A função em ambos os projetos foi, juntamente com a equipe
de projetos, desenvolver sistemas que ajudaram na tomada de decisões
e na melhoria dos processos de produção. O resultado obtido
no primeiro projeto proporcionou uma diminuição dos custos
com transporte da associação. Já o segundo, apresentou
uma ferramenta para ajudar no balanceamento da linha de montagem da empresa.
“As experiências de iniciação científica
são importantes, a gente pode usar as técnicas, métodos
e conhecimentos adquiridos ao longo do curso”, conta Ana.
Estrutura do curso Nos dois primeiros
anos, o aluno faz disciplinas obrigatórias no Instituto de Ciências
Exatas (ICEx), como Programação de Computadores, Química
Geral, Fundamentos da Mecânica, Estatística, Física
Experimental. A partir do 3o período começa a fazer disciplinas
optativas e a se definir sobre que caminho tomar: Processos Discretos ou
Processos Contínuos. O primeiro diz respeito aos processos das indústrias
mecânica e eletroeletrônica e o segundo à produção
automatizada de processos químicos e siderúrgicos. “O
departamento de Engenharia de Produção tem três vertentes
fortes: projeto de produto com qualidade, organização do trabalho
e ergonomia e ainda métodos quantitativos para problemas de planejamento
de produção e logística”, explica Maurício
Cardoso, coordenador do curso de Engenharia de Produção.
E para quem ainda vai começar, a dica é ficar atento à
dinâmica do mercado. A Engenharia de Produção é
uma área de conhecimento muito ampla, na qual surgem novidades a
todo instante. Para Thiago de Oliveira, um campo que absorve muitos engenheiros
de produção, mas ainda está se desenvolvendo, é
a engenharia econômica e análise de investimentos. Já
Márcio Barbosa enxerga boas oportunidades na gestão de desenvolvimento
de novos produtos, área que está estudando no mestrado. A
primeira turma de Engenharia de Produção da UFMG foi formada
em 2005.