Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Na casa, na mesa ou na indústria
Os minérios estão por toda parte, do sal que tempera as refeições aos eletrodomésticos. Cuidar dos processos de extração e de beneficia- mento de minérios são as principais tarefas dos engenheiros de minas.
Quer construir uma casa? Da argila se faz o tijolo. Do calcário obtém-se o cimento. O minério de ferro é transformado em vergalhões e encanamentos. No acabamento encontramos quartzo nos vidros, pigmentos de titânio na tinta, além de mármores e granitos em pisos e pias. Resumindo, não se constrói uma casa sem os minérios.
Foca Lisboa![]() Consultor explica, durante a Mostra das Profissões 2006 UFMG, processos de extração de minérios |
O trabalho do engenheiro de minas começa pela busca de depósitos,
ou reservas. Depois de encontrados, é preciso fazer um estudo detalhado
e planejar a exploração do recurso. Só então
é feita a extração, processo conhecido como lavra.
Após ser retirado da natureza, o minério passa pelo beneficiamento,
atividade que processa, separa e/ou concentra os minerais extraídos.
Durante todas essas etapas, a preocupação ambiental é
uma constante para o engenheiro de minas, que deve estar preparado para
minimizar os impactos ambientais.
Das várias possibilidades de atuação, Flávio
Vieira Costa, 34 anos, escolheu os processos de lavra. Empregado da Companhia
Vale do Rio Doce, Flávio, atualmente, é responsável
pelo planejamento e acompanhamento da retirada de minério na cidade
de Congonhas. Sua rotina é entre o escritório e a mina, aonde
vai pelo menos uma vez por dia. Para Flávio, responsabilidade é
a palavra que melhor define a profissão. “Além de planejar
a extração, no meu caso tenho que fazer com que ela seja seguida
corretamente e que não ofereça risco para os trabalhadores”,
explica o engenheiro.
Longe das minas Planejamento e consultoria
ambiental, execução de barragens e análises laboratoriais
são outros caminhos que o engenheiro de minas pode trilhar. Antônio
Carlos Rocha, 34 anos, por exemplo, trabalha em uma multinacional que elabora
softwares (programas de computador) de planejamento de minas. “Meu
trabalho é de suporte para quem atua diretamente nas minas”,
explica.
A estudante Aline Pereira Leite, 25 anos, também começou a
ter contato com a prática profissional longe das minas. A aluna está
no 9o período, mas desde o final do 6o período faz iniciação
científica na UFMG, na área de concentração
mineral, e já passou por quatro projetos, em parceria com empresas
privadas. Ela explica que, atualmente, muitas empresas buscam ampliar o
negócio com novos minérios. No laboratório, ela faz
análises desses materiais e cria processos de concentração
que deixam o minério pronto para a venda. Para a estudante, “a
iniciação científica é uma grande oportunidade
de colocar em prática o aprendizado e de se aproximar do mercado”.
Essa também é a opinião do coordenador do curso de
Engenharia de Minas da UFMG, Adriano Heckert Gripp. Ele reforça que
a iniciação científica é um dos principais diferenciais
da UFMG. Com nove laboratórios, o curso ainda conta com um quadro
de professores qualificado e oferta de bolsas para estudantes, o que possibilita
a realização das pesquisas.
Nos primeiros períodos, os alunos devem fazer matérias básicas
de Cálculo, Química, Física e Geologia no campus Pampulha.
A partir do quinto período, o aluno passa a cursar disciplinas específicas
no prédio de engenharia, que fica no centro de Belo Horizonte. O
currículo é completado com um estágio obrigatório.
O curso tem duração de cinco anos e procura dar ao aluno uma
formação ampla.
O mercado de trabalho para os engenheiros de minas vive um bom momento.
Já é consenso entre todos os profissionais da área
que basta ter uma boa formação para que o profissional tenha
emprego garantido. Mesmo antes de formar, em 2002, Flávio Vieira,
da Vale do Rio Doce, já estava empregado. Ele garante que com seus
colegas de turma não foi diferente. Todos conseguiram emprego rapidamente.
Estar disposto a mudar de cidade já é um bom passo, explica
Flávio: “As jazidas podem estar em qualquer lugar do país,
basta ter disponibilidade para ir até elas”.
Prova de que o mercado vai bem é a grande oferta de estágios,
mesmo para estudantes dos primeiros períodos. Entretanto, a recomendação
feita pelo coordenador do curso, Adriano Gripp, é que os estágios
sejam feitos no final do curso, quando os alunos já estiverem com
uma formação sólida na área. Além disso,
o professor reforça que o curso exige muita dedicação
e o estágio precoce pode prejudicar o desempenho do aluno.