Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Na teoria, controle. Na prática, automação
O curso surgiu no Brasil há 10 anos. A origem brasileira são as engenharias Elétrica e Mecânica. Mas, em outros países, o curso origina-se das Engenharias Química e Naval. Outro mito bastante comum é pensar que a tecnologia tratada pela área de Controle e Automação se resume à robótica – que envolve aspectos da Mecânica, da Eletrônica e de Controle. Mas que fique bem claro: o que compete à Engenharia de Controle e Automação é a teoria de controle, da qual a manipulação dos robôs é um exemplo de aplicação.
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Então, vamos aos fatos. Controle é uma ação
sobre algo para que uma outra coisa fique onde ou do jeito que você
quer. Confuso? Calma, dá para simplificar. Pense no chuveiro elétrico,
por exemplo. Se a torneira for aberta só um pouquinho, menor o volume
de água e mais quente a temperatura. Ao contrário, se abrirmos
muito a torneira, teremos mais água, só que mais fria. Mas,
e quando alguém quer tomar banho com água quente e em grande
quantidade? A solução está no Controle e, é
claro, os engenheiros se deparam com desafios maiores. É só
pensar nas muitas outras variáveis: além da temperatura, o
nível, a vazão, o PH, a densidade, a velocidade, a posição,
o deslocamento... Ufa, é de perder o fôlego.
Já a automação implica gerenciar informações
dadas pelo controle – fazer com que os mecanismos funcionem com o
mínimo de interferência humana. É por isso que essa
engenharia é considerada de ponta. O principal trabalho do engenheiro
de Controle e Automação é fazer com que os processos
funcionem de forma otimizada e econômica, respeitando o meio ambiente.
A aplicação abrange desde equipamentos domésticos,
como um aparelho de ar condicionado, por exemplo, até os processos
envolvidos em uma usina nuclear. Não só na indústria
se aplica o controle e automação. Ela está presente
em edifícios comerciais e residenciais, em sistemas bancários
e muito mais.
Raciocínio lógico Por
ser uma profissão nova e intimamente relacionada à tecnologia,
quem se forma em Engenharia de Controle e Automação consegue
emprego com rapidez. “O mercado não demanda muitos formados,
demanda todos!”, afirma a coordenadora do curso, Maria Auxiliadora
Persechini. “Se a economia do País vai bem, todo mundo investe
em automação, em tecnologia. Se estiver mal, também,
pois busca-se aperfeiçoar os processos gastando pouco e produzindo
mais”, completa Maria Auxiliadora.
A formação acadêmica é imprescindível,
pois, segundo Maria Auxiliadora, “não se faz engenharia por
tentativa e erro. Deve haver metodologia para que as chances de êxito
sejam sempre as maiores possíveis”. Por isso, assim como todas
as engenharias da UFMG, ao todo oito, o curso exige dedicação.
Nos primeiros quatro períodos há um equilíbrio entre
as disciplinas de formação básica e de formação
profissional. No Instituto de Ciências Exatas (ICEx), os alunos têm
pela frente muita Química, Física, Matemática e Computação,
que exigem bastante raciocínio lógico. Além disso,
são oferecidas disciplinas técnicas como introdução
a Engenharia de Controle e Automação, Sistemas Digitais, Sistemas
Processados e Periféricos, Proteção Ambiental e Desenho.
Como complementação à formação acadêmica,
existe um programa de visitas técnicas que são feitas ainda
durante o ciclo básico. Essas visitas, com duração
de uma semana, realizadas no período de férias, em indústrias
do ramo automobilístico, siderúrgico, alimentício,
entre outros, têm o objetivo de facilitar a assimilação
do que será visto mais adiante nas matérias específicas.
“Realmente é um curso difícil”, comenta Leonardo
Mendes, 24 anos, aluno do 9o período, “porém, ele credencia
o aluno a enfrentar muito bem o mercado, justamente por ter essas características
tão exigentes. A UFMG nos ensina a não temer desafios e lidar
muito bem com prazos apertados para entregar resultados e mostrar produtividade”.
A partir do 5o período, as matérias são mais específicas
à área de Controle e Automação, quando aumenta
a oferta de disciplinas optativas. Ao estudar os processos, os alunos fogem
um pouco para as outras engenharias e até para outros cursos como
Ciência da Computação e Ciências Biológicas.
Nos dois últimos semestres, o aluno tem pela frente o projeto final,
sob orientação acadêmica e supervisão de uma
outra instituição. “Realizei um projeto na Usina do
Barreiro da Vallourec & Mannesmann Tubes, em Contagem. Obtive muita
experiência de campo e pude me relacionar com os operadores e engenheiros
da área”, lembra Thiago Dourado Cangussu, 26 anos, formado
pela UFMG em 2003.