Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Da saúde à estética
São inúmeras as possibilidades. Dentro de um hospital, por exemplo, o farmacêutico pode fazer a manipulação, a dispensação de medicamentos ou o controle dos estoques e pode, ainda, trabalhar com análises clínicas e toxicológicas, que englobam uma série de exames laboratoriais. Na indústria, o profissional pode trabalhar com a produção de alimentos e cosméticos. As áreas de ensino e pesquisa também são excelentes alternativas.
fotos de Maria do Carmo Sartori ![]() Manipulação e dispensação de medicamentos, atendimento e atenção farmacêutica: rotinas do profissional farmacêutico |
Já nos estabelecimentos comerciais, o antigo farmacêutico
“médico-químico-amigo” ganha uma versão
contemporânea, mas mantém algumas tradições.
Além da dispensação e manipulação de
medicamentos (tarefas que o profissional já fazia), outra possibilidade
é a atuação na Atenção Farmacêutica.
Segundo a coordenadora do curso de Farmácia da UFMG, Sheila Monteiro,
a demanda por atendimento individualizado tem crescido bastante. No caso
de pacientes com hipertensão, por exemplo, o farmacêutico acompanha
o tratamento, orienta sobre reações e outros medicamentos
que podem ou não serem administrados.
De olho nas transformações da profissão, o curso de
Farmácia da UFMG reformulou o currículo que, a partir de 2007
estará mais flexibilizado. Em outras palavras, os alunos continuam
a fazer as disciplinas básicas de Física, Biologia e Matemática
até o 3o período. A novidade é que o farmacêutico
terá uma formação mais ampla, com uma visão
geral. Dos cinco anos de curso, quatro são dedicados à formação
obrigatória de farmacêutico generalista. Só no final
do 8o período é feita a escolha da ênfase, que pode
ser em Indústria, Bioquímica de Alimentos, Bioquímica
em Análises Clínicas e Toxicológicas e gestão
de empresa farmacêutica. Esta última modalidade criada pelo
novo currículo.
Outra mudança está na inclusão de matérias de
Ciências Humanas, tais como Psicologia Social e Sociologia. Para a
coordenadora do curso, a inovação contribui para a formação
de farmacêuticos com uma visão humanística, necessária
ao trabalho em equipe, no atendimento a clientes e nos aconselhamentos.
O número de estágios também aumentou: serão
quatro obrigatórios e outros quatro a serem definidos pelo próprio
aluno, de acordo com a ênfase escolhida.
![]() Alunos têm, durante o curso, experiência na gestão através da Farmácia Júnior |
Para a aluna do 8o período, Fernanda Amorim, 25 anos, estágios
e iniciação científica são fundamentais. Durante
dois anos a aluna realizou pesquisas sobre biologia molecular e atualmente
faz estágio na Farmácia Universitária, onde trabalha
com manipulação de medicamentos. Além disso, participa
da Farmácia Júnior, empresa criada e gerenciada por alunos
do curso. “São oportunidades de termos contato com as demandas
do mercado e de adquirir uma visão empreendedora, sem sair da Universidade”,
conta.
Outras oportunidades de atuação na UFMG são o Internato
Rural, no qual os alunos passam as férias em cidades do interior
do estado orientando o atendimento nas farmácias do SUS (Sistema
Único de Saúde), as pesquisas e os projetos sociais de orientação
de comunidades carentes.
A iniciação científica e o estágio foram fundamentais
para a farmacêutica Karla Fantaguzzi, coordenadora do setor de pesquisa
e desenvolvimento de produtos da L’acqua de Fiori, empresa do ramo
de estética. Ainda quando estudava, Karla realizou análises
de medicamentos e controle de qualidade em um projeto da UFMG em parceria
com o Governo Federal. Depois de formada, foi convidada para estruturar
o laboratório de microbiologia da L’acqua di Fiori, onde trabalha
há 19 anos.
“Ser versátil é a receita para quem quer trabalhar na
indústria de cosméticos”, afirma Karla. Por suas mãos
passam desde a definição de fórmulas, fragrância,
fornecedores, validade dos produtos até os processos de produção.
Quase como uma artesã, a profissional faz testes antes de colocar
um produto nas prateleiras e ainda acompanha as mudanças na legislação,
que costumam ser freqüentes.
Não menos versátil é o farmacêutico Mozart Machado,
34 anos, gerente executivo da Laborclínica Análises e Pesquisas
Clínicas, localizada em Betim. Atualmente, Mozart trabalha com a
parte administrativa da empresa, relacionamento com clientes e fornecedores,
e aquisição de novas tecnologias. Mas para chegar ao cargo
de executivo, o farmacêutico teve que passar por dois grandes laboratórios
de Belo Horizonte, onde trabalhou diretamente com análises clínicas
e toxicológicas durante 11 anos. Para ele, além da versatilidade,
quem pretende ser farmacêutico também deve gostar de Química,
Biologia, Física e Matemática, relacionadas aos temas de saúde.