Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
O mercado e suas relações
Daí, por volta do século VII a.C., inventou-se a moeda. Era
apenas o começo de todo um sistema de trocas e relações
de mercado, que iriam alterar profundamente a vida em sociedade. Alterações
tão importantes que exigiram o surgimento de uma ciência –
a Economia. “Estudamos tudo que diz respeito ao desenvolvimento socioeconômico”,
explica a coordenadora do curso de Ciências Econômicas da UFMG,
Lízia de Figueiredo.
O curso investe na solidez teórica. Nos dois primeiros anos, a grade
curricular é composta por disciplinas obrigatórias, que abrangem
toda a Teoria Econômica. São oferecidas disciplinas de macro
e microeconomia, métodos quantitativos e história do pensamento
econômico, além de Matemática e Estatística.
“São disciplinas que vão servir de instrumentos para
a atividade profissional, independente da área específica
de atuação”, garante Lízia. A partir do 5o período,
o currículo flexibilizado garante uma carga reduzida de disciplinas
obrigatórias, para que o estudante possa escolher outras disciplinas
a cursar, de acordo com seu interesse.
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Para Elisa Figueiredo, 20 anos, estudante do 5o período, a flexibilização
é um dos pontos fortes do curso. “A possibilidade de cursar
disciplinas de outras áreas torna o curso mais versátil”,
diz a estudante, que faz estágio na área de importação
e exportação e de viabilização de financiamentos
de projetos de infra-estrutura em uma empresa de comércio exterior.
Ela pretende, ainda, investir em disciplinas do Direito, porque tem interesse
na área de setor público e regulação econômica.
“Quem espera um curso técnico deve fazer outra opção.
O curso de Economia é essencialmente teórico e vai muito além
do mercado. Acho isso bom porque a prática, a gente acaba aprendendo
em estágios ou no trabalho, mas o embasamento teórico e reflexivo,
só mesmo na Universidade”, argumenta.
Atraída pela teoria, Raquel Guimarães, 21 anos, também
estudante do 5o período, decidiu investir na pesquisa. Ela participa,
como bolsista, do Programa de Educação Tutorial (PET), no
qual desenvolve pesquisas relacionadas à distribuição
de renda e aspectos sociais. “É uma oportunidade de aprimorar
conhecimentos e desenvolver habilidades, porque o programa também
promove seminários, palestras e grupos de estudo”, relata.
Diogo Lemieszek Pinheiro, 27 anos, economista formado pela UFMG e ex-bolsista
do PET, concorda com Raquel. Ele destaca que o programa, criado na Faculdade
de Ciências Econômicas (Face) em 1954, já recebeu figuras
importantes, como o sociólogo Herbert de Souza, o “Betinho”,
e os ex-ministros Paulo Haddad e Dorothea Werneck. “É uma oportunidade
de entrar em contato com professores e com a prática acadêmica”,
diz o economista, hoje doutorando pela Emory University, em Atlanta. Na
opinião de Diogo, o ponto forte do curso da UFMG é a diversidade
de teorias e aspectos da economia discutidos ao longo da graduação.
“Tive aulas de mercado de trabalho, história econômica,
planejamento regional e muitas outras áreas”, declara. “Não
adianta nada saber todas as teorias e fórmulas de cabeça se
não se tem uma noção do que se passa no mundo ao seu
redor”, completa.
Os principais empregadores continuam sendo o governo, que sempre precisa
de economistas para guiar e avaliar as políticas públicas,
e as grandes empresas e bancos, que precisam de economistas para avaliar
projetos e fazer análise de conjuntura. O profissional também
pode atuar em instituições de ensino superior e de pesquisa.
Aprenda com os clássicos John Keynes, importante teórico da área, escreveu que o bom economista deve “ser matemático, historiador, estadista, filósofo. Deve entender os símbolos e falar com palavras. Deve contemplar o particular nos termos do genérico, e tocar o abstrato e o concreto na mesma revoada de pensamento, deve estudar o presente à luz do passado com objetivos futuros. Nenhuma parte da natureza humana ou das instituições deve ficar completamente fora do alcance de sua visão. Ele deve ser decidido e desinteressado com a mesma disposição; tão distante e incorruptível quanto um artista, e ainda assim algumas vezes tão perto da terra quanto um político.” (John Maynard Keynes, em Essays in biography) |