Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Criação animal em detalhes
Na UFMG, o curso foi criado em 2005, no Núcleo de Ciências Agrárias (NCA), que funciona no campus regional em Montes Claros, região norte de Minas Gerais. A boa notícia é que “ainda são poucos os cursos de Zootecnia no Brasil e o mercado de trabalho está em expansão”, garante o professor Luiz Arnaldo Fernandes, coordenador do curso. Trocando em miúdos: para conseguir um bom emprego basta investir numa boa formação e aproveitar as oportunidades.
É o que pensa Greiciele de Morais, 23 anos, estudante do 3o período
do curso de Zootecnia da UFMG. Ela conta que o interesse pela profissão
surgiu ainda na infância. “Sempre gostei do ambiente rural e
da possibilidade de trabalhar com rebanhos”, lembra. Aí, surge
a pergunta: “mas por que não veterinária?”. A
resposta é clara: “o zootecnista se interessa em acompanhar
a criação animal em todas as etapas – desde o nascimento
até o abate. Mas não está apto para cuidar de doenças.
Se o animal fica doente, temos que chamar o veterinário”, explica
a estudante.
Durante o primeiro período, Greiciele de Morais participou, como
voluntária, de um grupo que pesquisa o aproveitamento da casca do
pequi na alimentação de caprinos. Hoje, ela passou da pesquisa
à extensão, e participa de um projeto junto aos produtores
da região. “Ajudamos os produtores a reduzir os prejuízos,
resultantes de doenças e mortes de animais do rebanho, através
de técnicas de higiene e de cuidados com a gestação”,
esclarece Greiciele. Para ela, o contato com as necessidades locais estabelece
um vínculo muito importante entre o conhecimento produzido na Universidade
e a prática. “Há um aspecto social e econômico
que não deve ser esquecido pelos profissionais”, destaca a
estudante.
O professor Luiz Arnaldo Fernandes concorda. E explica que, pensando nisso,
“o curso da UFMG foi estruturado para atender às demandas da
região do semi-árido mineiro, ajudando a promover o desenvolvimento
de tecnologias de produção animal na região”.
Atuação ampliada No currículo existem disciplinas
específicas, como Melhoramento Genético e Nutrição.
Há também disciplinas voltadas para o aprimoramento do solo
e dos vegetais. Gostar de Biologia e Química é importante,
mas é bom ir se preparando para a Matemática. É isso
mesmo. “Números, valores, custos são essenciais para
um gerenciamento eficaz”, explica a aluna Greiciele. A partir do 5o
período, o estudante pode escolher entre duas opções
de formação complementar: Administração e Marketing
ou Economia e Comércio. “São áreas de formação
que vão capacitar o aluno para gerenciar todo o processo de produção
animal”, explica a zootecnista e professora da UFMG, Luciana Castro
Geraseev. Segundo ela, a formação complementar atende às
demandas do mercado, cada vez mais exigente em relação aos
profissionais. Para completar a formação, o estágio
obrigatório deve ser feito nos 9o e 10o períodos. Outras atividades
como participação em eventos, atividades de ensino, pesquisa
e extensão devem estar na mira dos estudantes.
Para incentivar a pesquisa ainda na graduação, o curso da
UFMG conta com 17 laboratórios e uma fazenda experimental, com instalações
para avicultura, caprinocultura, bovinocultura, suinocultura e apicultura.
Além disso, são realizadas visitas a empresas públicas
e privadas do setor agropecuário e a pequenas comunidades agrícolas.
O zootecnista envolve-se em tudo que está relacionado ao melhoramento
da produção animal – desde formulação
e controle de qualidade de rações até a administração
e planejamento de propriedades agrícolas. “Desde que escolhi
cursar Zootecnia, a área cresceu e se firmou. No começo, a
profissão ainda era, muitas vezes, confundida com Veterinária
ou Agronomia. Hoje, o profissional já é visto de forma diferenciada”,
avalia a Luciana Geraseev.
Segundo a professora da UFMG, uma área de atuação que
tem crescido é a de consultoria técnica. “Tem crescido
o número de empresas prestadoras de serviço na área
de agropecuária, o que faz crescer a demanda por bons profissionais”,
garante. Ela também destaca o aumento das criações
de avestruz e capivara, afinal, nem só de vaca e galinha vive o zootecnista.
Para o professor Luiz Arnaldo, o segredo do sucesso profissional está
na versatilidade. “O bom zootecnista tem que ter conhecimentos multidisciplinares
e ser empreendedor”, aconselha.