Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
O melhor amigo do animal
Gostar de animais é uma coisa, trabalhar com eles é outra bem diferente. “Quando escolhi o curso, tinha uma idéia romântica da profissão, queria cuidar de animais de rua”, recorda Fernanda Alvarenga, 34 anos, médica veterinária formada pela UFMG. “Mas quando fiz estágio em uma clínica, vi que a prática era bem diferente do que eu imaginava e descobri outros interesses”, completa. Fernanda optou pela área de tecnologia e inspeção de carne e após a graduação investiu na especialização em tecnologia e controle de qualidade de produtos de origem animal (carne, leite, ovos, peixe e mel). Hoje, é responsável técnica de três indústrias de carne e derivados. “Na verdade, como muita gente pensa apenas na prática médica, a demanda por profissionais em indústrias ainda é maior do que a procura”, conta.
![]() Os laboratórios de pesquisa são essenciais ao melhoramento genético |
A coordenadora do curso de Medicina Veterinária da UFMG, professora
Silvana de Vasconcelos Cançado, concorda com a colega de profissão
e aponta, ainda, outros dois exemplos de setores que oferecem boas oportunidades
para os futuros profissionais: Aquacultura e Avicultura. Marcelo Cançado,
31 anos, médico veterinário formado pela UFMG, optou pela
última, atento às demandas do mercado. “O Brasil é
o maior exportador mundial de carne de frango”, informa Marcelo, que
possui uma granja em Divinópolis, no centro-oeste mineiro. Além
da granja, ele também presta consultoria técnica para uma
empresa de nutrição animal. “Viajo muito, visitando
fazendas de criação de aves em todo o estado”. O veterinário
explica que, quando o assunto é produção, não
se pode abrir mão de conhecimentos de administração
e marketing. “O produtor tem que saber aplicar estratégias
para ampliar os lucros e evitar os prejuízos”, determina.
“A Escola de Veterinária é modelo de ensino, pesquisa
e extensão para todos os outros centros de ensino do país”,
destaca a coordenadora do curso. Segundo a professora Silvana Vasconcelos,
o motivo é a alta qualificação dos professores e a
boa estrutura da escola. “Todos os professores da Escola de Veterinária
são pesquisadores, o que possibilita ao aluno o aprendizado em pesquisa.
Além disso, a escola conta com 64 laboratórios nas diversas
áreas de estudo. Temos também o Hospital Veterinário
e duas fazendas, a fazenda Professor Hélio Barbosa, em Igarapé,
e a Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo”, esclarece. Nas fazendas, são
realizadas pesquisas aplicadas, aulas práticas, estágios e
cursos de extensão.
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Em Pedro Leopoldo, o foco é a bovinocultura de leite, com uma produção
de 1400 litros por dia. O curso investe muito nessa área, uma vez
que Minas Gerais é o principal estado produtor de leite no Brasil.
Na fazenda de Igarapé, além da bovinocultura de leite, há
bovinocultura de corte, voltada para obtenção de carne, avicultura
– com 15.000 aves poedeiras, num total de 70.000 ovos por semana,
cunicultura (criação de coelhos), piscicultura (criação
de peixes), apicultura (criação de abelhas para processamento
de mel), suinocultura (criação de porcos) e uma fábrica
de rações diversas, com capacidade de produção
40 toneladas por dia. Os alunos visitam a fazenda logo na primeira semana
de aula. “Foi durante a visita que me dei conta da variedade de opções
da veterinária”, lembra Flávio Marques, 22 anos, estudante
do 9o período do curso. Flávio decidiu pela especialização
em suinocultura e, atualmente, faz estágio em uma empresa de nutrição
animal. Depois da graduação, pretende continuar na empresa.
“Não falta trabalho para o profissional qualificado”,
reflete o estudante, que antes de se decidir por suinocultura fez estágios
nas áreas de nutrição, melhoramento genético,
avicultura de corte e clínica. O estudante também é
bolsista de extensão do projeto APICS (Aulas Práticas Integradas
de Campo), onde organiza as visitas às fazendas de vários
municípios do estado. “Visitamos as fazendas com professores
de várias áreas, desde cirurgia até forragicultura”,
conta.
Múltiplas escolhas Para quem
vai começar o curso, Flávio aconselha aproveitar ao máximo
as atividades práticas. “O curso oferece uma boa formação
teórica, mas é fundamental procurar estágios para se
especializar. Os professores, muitas vezes, indicam boas oportunidades,
porque eles mantêm contato com os profissionais do mercado”,
diz.
“O curso exige muito estudo e dedicação”, relata
Kauara Brito Campos, 24 anos, estudante do 10o período. Seu tempo
é dividido entre as aulas, que ocupam as manhãs e as tardes,
e os dois estágios, numa clínica de pequenos animais e no
Hospital da Escola de Veterinária, onde são atendidos mensalmente,
em média, 650 animais de várias espécies domésticas.
“Dou plantões à noite e trabalho nos fins de semana.
Mas como sempre quis trabalhar com clínica, o prazer que sinto pelo
que faço compensa o cansaço”, diz.