Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular


Editorial

Educação para desenhar o futuro

Entrevista
Resposta às demandas sociais

Extensão e pesquisa
Conhecimento público e para o público

Empreendedorismo
Aprendizes de feiticeiro

Assistência ao estudante
As invisíveis barreiras da educação

Internacionalização
Janelas para o mundo

Ciências Agrárias
Agronomia
Medicina Veterinária
Zootecnia

Ciências Biológicas
Ciências Biológicas

Ciências da Saúde
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Educação Física
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Ciências Exatas e da Terra
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Ciências Atuariais
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Nunca fomos tantos

Ciências Sociais

Olhar, ouvir, ler e interpretar a sociedade, em suas mais variadas organizações e dinâmicas, é a principal tarefa do profissional de Ciências Sociais.

Segundo dados do IBGE, existem mais de seis bilhões de pessoas no mundo. A população, hoje, representa um quinto do número total de seres humanos que já passaram pela face da Terra, em seis mil anos de história. Em outras palavras, nunca fomos tantos. E na medida em que cresce o número de pessoas, aumenta a complexidade das relações estabelecidas entre elas. E para compreender tamanha complexidade é necessário contar com a colaboração das Ciências Sociais.

“É um curso plural”, destaca o coordenador do Curso de Ciências Sociais da UFMG, Eduardo Vargas. Segundo o professor, uma das principais ferramentas de trabalho do cientista social é a leitura. “A disposição para ficar horas e horas lendo é um requisito”, adverte Vargas, “mas é preciso também saber expor suas idéias, seja na fala ou na escrita, e desenvolver a atenção para os acontecimentos políticos, culturais e sociais”. Na UFMG, o curso, com duração de quatro anos, oferece três ênfases: Ciência Política, Sociologia e Antropologia. Nos dois primeiros anos, o estudante cursa disciplinas obrigatórias de Antropologia, Política, Sociologia, Filosofia, Demografia, Estatística e Meto­dologia. “A idéia é que haja uma formação básica em cada uma das áreas, que apesar de terem suas especificidades, dialogam constantemente”, explica Vargas.

Apesar da escolha por uma das ênfases não ser obrigatória, é comum entre os estudantes a especialização em uma das áreas. Graças ao currículo flexi­bilizado, eles podem escolher entre uma ampla gama de disciplinas optativas durante os dois últimos anos do curso, de acordo com seus interesses. Para obter a ênfase, é preciso cursar, no mínimo, seis disciplinas optativas da área escolhida. Se quiser, o estudante pode se formar em mais de uma ênfase, bastando cumprir esse número mínimo de disciplinas para cada uma.

Foi o que fez Clarice Linhares, 28 anos, que se formou em 2002 pela UFMG. Interessada em estudar a relação entre Estado e sociedade, ela obteve o diploma de bacharel em Ciências Sociais com ênfase em Sociologia e Ciência Política. “São áreas muito relacionadas. É difícil estabelecer uma separação. Mas a Ciência Política está mais voltada para as formas de organização das estruturas de poder das sociedades, enquanto a Sociologia abrange outros aspectos sociais”, avalia. Hoje, ela já concluiu o mestrado em Ciência Política e é pesquisadora do Projeto Democracia Participativa, na UFMG, no qual pesquisa formas alternativas de participação popular, como os conselhos municipais e estaduais. “O resultado das pesquisas contribui para verificar a importância e a efe­tividade dessas instituições alternativas no aprimoramento da democracia”, defende Clarice, que também dá aulas numa Universidade em Divinópolis e já faz planos para fazer doutorado.

Diversidade “É uma carreira via de regra acadêmica. O mestrado e o doutorado contam muito para a formação profissional”, observa o coordenador Eduardo Vargas. Ainda assim, ele aponta um crescimento do mercado de trabalho nos últimos anos. “O cientista social pode, por exemplo, atuar como etnólogo, sociólogo de sindicato, cientista político de sistema partidário e ainda assessor ou consultor em entidades governamentais e não-governamentais”, aponta. Atentos à necessidade de ampliar e valorizar a área de atuação do cientista social no mercado, os alunos do curso organizaram a MEIOS – Empresa Júnior de Ciências Sociais. “A idéia é aproximar o meio acadêmico e o empresarial”, declara Renata Santos, 21 anos, estudante do 4o período e coordenadora geral da MEIOS. Segundo ela, a empresa, criada em junho desse ano e ainda em processo de legalização, oferece serviços de consultoria e de avaliação institucional, que incluem pesquisas de opinião e de mercado, elaboração de projetos sociais e de responsabilidade social, levantamento de bens imateriais, entre outros. Os primeiros projetos atendem a própria Universidade. “Queremos propor uma avaliação do espaço físico da Faculade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), unidade acadêmica onde é oferecido o curso de Ciências Sociais, por exemplo, para estudar formas de utilizar melhor esse espaço”, informa.

Mestre em Antropologia pela UFMG e pesquisadora do Centro de Referência Audiovisual da Prefeitura de Belo Horizonte, onde trabalha na proposição e gestão de políticas públicas direcionadas para a cultura, Júnia Torres, 37 anos, busca investir na realização de documen­tários. “A relação entre antropologia e imagem, no cinema etnográfico, permite pensar novas formas e suportes para produção do conhecimento em Ciências Sociais”, explica Júnia, que é também organizadora do forumdoc.bh, fórum de Antropologia, Cinema e Vídeo voltado para o filme documentário e etnográfico e realizado em parceria com o departamento de Sociologia e Antropologia da Fafich. Para Júnia, o profissional de Ciências Sociais deve desenvolver um pensamento crítico e evitar o senso comum e as opiniões marcadas por preconceitos. “É preciso ter vontade de questionar o estado de coisas, de pensar a sociedade na qual estamos inseridos, de conhecer outras sociedades e grupos, os distantes e os próximos, com as quais devemos dialogar para a construção de um mundo mais justo”, conclui.