Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 4 - nº. 9 - Julho de 2006 - Edição Vestibular
Educação para transformar o mundo
Na realidade, mais do que formar professores, a Pedagogia prepara profissionais capazes de entender e contribuir para a melhoria das condições em que se desenvolve a educação no país. A profissão vai além da sala de aula. Comprometida com um projeto de transformação social, ela estuda e analisa o fenômeno educativo nas instituições escolares, nos sistemas de ensino, no trabalho, nos movimentos sociais e grupos culturais. Propor novas metodologias, adequadas ao cotidiano dos alunos também é uma das tarefas do pedagogo.
A Pedagogia vai além das salas de aulas na busca pela educação de qualidade |
O universo é muito abrangente. Foi o que a aluna Adriane Ferreira,
23 anos, descobriu quando entrou no curso de Pedagogia da UFMG. No 4o período,
a estudante conta que foi uma surpresa se deparar com os vários campos
de atuação em sua futura profissão. “Fiquei muito
satisfeita ao descobrir que a Pedagogia tem uma grande atuação
na educação social, inclusive com a possibilidade de trabalhar
em ONGs. Além da sala de aula podemos nos envolver com movimentos
sociais”, comemora.
O candidato pode optar pelo curso diurno ou noturno. Optando pela turma
da manhã, o aluno tem um tempo mínimo de oito períodos
para concluir o curso. À noite, o mínimo é de nove
períodos, pois a carga horária por semestre é menor.
Ao se formar, o aluno se torna um pedagogo licenciado no Ensino Fundamental.
Em ambas as opções de horário de curso, os primeiros
períodos envolvem disciplinas que incentivam os alunos a fazerem
reflexões sobre questões educacionais mais amplas.
O currículo do curso foi reformado em 2000. Antes da reformulação,
os alunos se especializavam e optavam por atuarem nas áreas de supervisão,
orientação ou direção de escolas. Hoje em dia
são formados pedagogos generalistas: é a chamada Educação
Democrática. “Antigamente o pedagogo já saía
da universidade com um desses cargos específicos. Hoje há
uma eleição nas escolas de ensino fundamental para decidir
quem vai ocupar qual cargo”, explica a coordenadora do curso na UFMG,
Maria de Fátima Cardoso Gomes.
A professora da UFMG ressalta, ainda, que outro aspecto importante do currículo
é a Formação Complementar, na qual o aluno deve escolher
uma entre quatro áreas para se especializar: Gestão Educacional
e Coordenação Pedagógica; Alfabetização,
Leitura, Escrita; Educação Infantil; Educação
de Jovens e Adultos. Disciplinas para além da Faculdade de Educação,
unidade onde é oferecido o curso de Pedagogia, também podem
ser cursadas pelos alunos, de acordo com as áreas de interesse.
A prática A partir do 6o
período, o estágio para os alunos de Pedagogia é obrigatório.
Essa é uma oportunidade do estudante já ter contato com sua
futura profissão desde o terceiro ano de faculdade. Para aqueles
que se interessam pela pesquisa, as possibilidades são amplas. Existem
hoje três laboratórios de Informática, além de
uma série de projetos realizados no Centro de Alfabetização,
Leitura e Escrita (Ceale), no Grupo de Avaliação e Medidas
Educacionais (Game), no Núcleo de Estudos Trabalho e Educação
(Nete), no Projeto Veredas, no Centro de Ensino de Ciências e Matemática
de Minas Gerais (Cecimig), entre outros. Os alunos têm, também,
acesso à terceira maior biblioteca da UFMG.
A estudante Adriane Ferreira conta que grande parte dos alunos faz iniciação
científica. Ela própria possui uma bolsa de pesquisa de um
projeto que investiga o perfil dos egressos de Pedagogia em atuação
no mercado de trabalho. A pesquisa, que ainda está no início,
irá mapear e analisar para onde os recém-formados estão
se dirigindo.
Além da grande atenção dedicada à pesquisa,
o curso mantém uma forte preocupação com o mercado.
A coordenadora Maria de Fátima Gomes explica que “a estruturação
do currículo em quatro áreas de Formação Complementar
foi uma mudança implementada de olho nas transformações
do mercado de trabalho”. Ela ainda ressalta que o profissional pode
optar por muitas outras áreas além de dar aulas no Ensino
Fundamental, trabalhar em ONGs, empresas e museus.
Há também a chamada Educação Inclusiva, na qual
os profissionais têm o desafio de criar novas metodologias que garantam
o acesso de todas as pessoas ao ensino de qualidade. Um exemplo disso é
o trabalho realizado pela pedagoga Sônia Marta de Oliveira, 38 anos,
que atua na área de educação de surdos na rede pública
municipal de Belo Horizonte. Para ela, esse é o campo mais instigante
da Pedagogia: “o importante é ver essas pessoas produzirem
resultados. O que me estimula é o processo de ensino e aprendizagem”,
afirma. Apesar dos holofotes estarem voltados para essa área, a pedagoga
acredita que ainda existe um longo caminho para se chegar a uma escola ideal,
com esse perfil.